quinta-feira, dezembro 02, 2004

AS PEQUENAS COISAS HABILIDOSAS DO SHARE POLÍTICO

Caros amigos : aquilo a que se convencionou chamar política, nos orgãos de comunicação e na terminologia dos políticos, mais não é, muitas vezes, que uma série de pequenas "jogadas" mais ou menos habilidosas, dentro de um "timing" bem escolhido, com o objectivo de valorizar a nossa posição e de prejudicar a do nosso adversário.
Pensavam que esta política era sempre e só uma coisa "limpa", de homens e mulheres sem nada nas mangas, de peito aberto e posições claras e desassombradas ?
Sim ? Pensavam isso, a sério ? Ehehehehehe, não acredito, já ninguém é assim tão ingénuo.
Leiam algumas coisas sobre os jogos de bastidores e inter-relações dos ministros deste ainda nosso governo, vão ver como é material do maior valor educativo !
Já repararam, também, na atitude do CDS/PP, nesta crise ? Ooooh, genial, meu Deus : é do tipo "eles é que foram os artolas e confusionistas, o PSD, nós trabalhamos bem e tivemos ministros de categoria ... ". Notem, em termos relativos até é uma meia-verdade, pelo menos, o pior é que é também um tiro pelas costas, logo que o cimento aglutinador do poder desapareceu ...
Mas estas coisas não acontecem apenas no campo da ainda actual maioria, não senhor. Hoje darei apenas um exemplo, não propriamente da oposição mas do senhor Presidente da República.
Reparem : vários foram os sinais de que o Presidente estará interessado em que o orçamento proposto pelo PSD/PP seja ainda aprovado, certo ?
Pergunto eu, então : nesse caso, porque é que o Presidente não esperou uma semana para declarar que ia dissolver a Assembleia ? Se o tivesse feito, o orçamento já estaria então aprovado ...
Porque não esperou então essa semana ?

Oferece-se um prémio ao leitor que der a resposta mais convincente, ehehehe ...

Mas estas breves linhas têm uma moral : a política real, não a dos livros e dos princípios, faz-se destes pequenos truques e não apenas de questões ideológicas e estratégicas.
A táctica destas pequenas malandrices (?)ganhou uma importância tremenda, sobretudo porque o que se disputa, afinal, não passa de uma espécie de "share" televisivo : o espectador, em vez de carregar num botão para sintonizar uma dada estação, irá escrever uma cruz num determinado quadrado de um bocado de papel.
Qual é a diferença, para muita gente ?
Isto é a democracia, gostem ou não gostem. Não sei se é, como afirmava o outro, o menor dos males ... mas lá que é um jogo bizarro, disso não tenho duvidas !
Apesar de o defender com unhas e dentes, se for necessário.
Fiquei farto de lápis azuis, no tempo da outra madame, e de ministros com raivinha de dentes, ou de centrais de informação, nestes ultimos tempos.

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