segunda-feira, dezembro 10, 2012

A ÁRVORE DE NATAL 

Confesso a minha simpatia pelo Natal. Ao longo dos anos já tenho dito - e escrito - que detesto o Natal. Mentira. Sempre gostei do Natal, desde menino. Por vezes irrito-me com essa história da festa da família, eu que de família sou tão pobre e escasso. Deviam chamar-lhe a festa de Jesus, porque é disso que se trata, afinal, ou não é ?
Em pequeno deliciava-me a fazer o presépio. Para mim, o presépio nada tinha de arte abstrata. Não, as coisas tinham todas de figurar lá, no meio do musgo e areia. Fazia, com barro, as figuras da Virgem Maria, S. José e Menino Jesus, e acrescentava também, com alguma relutância ( porque não as sabia fazer lá muito bem ) a ovelha, o burro e a vaca. Nasci adiantado no tempo, parece que agora o Papa Ratzinger decidiu bani-las do evento ... Bom, mas não me ficava por aí : o presépio tinha sempre que "meter" um poço com a nora respectiva, um lago ( que eu fazia mesmo com uma lata e água ) e alguns cidadãos a subir a estrada. Para mim, também não havia palheiro, Jesus nasceu mesmo foi numa gruta...
Comprazia-me nisto vários dos primeiros dias das férias do Natal, na Escola Primária. Era uma delícia.
Mais tarde, já não sei bem por quem, fui apresentado á árvore de Natal. Um espanto, aí o meu  gozo eram as luzes, que na época e com o parco dinheiro reinante, eram escassas e demasiado grandes, nada das maravilhas modernas.
Bom, mas estou a divagar.
Hoje, nada de política, como me aconselhou um bom amigo meu. Apenas para vos dizer que já fiz a árvore de Natal cá de casa. É um rebento de pinheiro daqueles que estão fora do pinhal, apanhado por esse meu amigo do conselho. Fomos tratar do mini-pinheiro já era noite, lanterna ( chinesa ) na mão, carro a trabalhar com os faróis acesos apontados para nós. A noite, o cheiro dos pinheiros, o céu cheio de estrelas, os faróis do carro, tudo foi uma saborosa aventura. Agora, aqui está o "nosso" pinheiro, ostentando orgulhosamente a catrefada de luzes - são leds made in China, vejam lá a evolução - que lhe enrolámos á volta.
Fica bem o pinheirinho aqui em casa. De vez em quando cheiro-lhe os ramos e lembro-me da minha infância.
Fico largos segundos a olhar as luzes e a ver coisas entre elas. Sobretudo coisas do passado. Como convêm, de resto, talvez consiga vislumbrar um menino nascido algures em Belém e que viria a incomodar muita gente bem instalada e a ajudar muita gente infeliz e pobre.
Fiquem-se com a minha árvore, por hoje.
Obrigado a vocês que tiveram a paciência de me ler e ao meu amigo Zé, que me descobriu a árvorezinha ...
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