quarta-feira, junho 15, 2011

A FUNDAÇÃO JOSÉ SARAMAGO

Confesso : nunca morri de amores por Saramago. Li muitos dos seus livros, gostei da vários, de outros não, mas de quem nunca gostei foi dele, como pessoa.
Sempre o achei de uma vaidade e arrogância intoleráveis, sempre pensei que seria alguém muito autoritário e convencido, lembro bem o que se passou no Diário de Notícias, quando Saramago foi director.
Acho que Saramago nunca se libertou daquela capa de autodidacta que é veladamente cáustico para todos os outros que adquiriram uma formação académica de raíz. Muito autoconfiante, opinava sobre isto e aquilo com a segurança da infalibilidade, como se ser escritor lhe desse especial qualificação para ter essas opiniões.
Em síntese, sempre considerei Saramago um escritor razoável que se julga Deus e que desenvolve um snobismo muito particular e peculiar. Muito como António Lobo Antunes, que o odiava solenemente mas que com ele partilha de algumas dessas maleitas de feitio.
Na minha opinião, claro.
Hoje li uma notícia onde a sua viúva se vangloria ( ou lamenta ? ) da ausência de qualquer investimento público na fundação José Saramago, em fase de aguardar a conclusão das obras na Casa dos Bicos, em Lisboa, onde ficará a sede. Nem um tostão do Estado, proclama a orgulhosa ( ou lamuriosa ? ) senhora.
Vejo nesta senhora a mesma vaidade e orgulho desmedido de Saramago. E falta de cuidado, também. Nem um tostão ? Então a Casa dos Bicos era propriedade dela ou de Saramago ? Um dos edifícios históricos de Lisboa mais emblemáticos cedido para sede da fundação José Saramago não conta como "verbas do Estado" ?
Ah, céus, sempre esse orgulho desmedido ...

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