A QUESTÃO DA PT E DA TELEFÓNICA
As reacções indignadas de muita gente ao uso, pelo Estado Português, do direito de veto na aquisição da parte que a PT possui na brasileira Vivo pela espanhola Telefónica é ... inacreditavelmente hipócrita.
Porquê ? Porque toda a gente sabe que a maior parte dos Estados Europeus se têm oposto à aquisição das suas maiores empresas por empresas estrangeiras e aí toda a gente se calou e se calhar até achou bem. Num excelente artigo de Nicolau Santos publicado hoje no Expresso é claramente desmontada essa hipocrisia. Por exemplo, idêntica investida da mesma Telefónica à sua congénere italiana foi também travada por Berlusconi. Ainda pior, o governo espanhol tem-se oposto a várias compras dessas !
Portanto, o comportamento do governo português só pode indignar hipócritas de má memória ou aqueles que acham que Portugal se deve sujeitar a tudo o que qualquer país lhe queira impor. Ou os que acham que o mercado merece uma veneração divina.
Pela primeira vez em muito tempo, mesmo em MUITO TEMPO, o meu aplauso para uma decisão de José Sócrates. Que seja dito o que é justo, o senhor não teve medo.
Do lado oposto, a actuação do líder do BES, o senhor Ricardo Espírito Santo, foi absolutamente ... ignóbil. O senhor, que vinha proclamando aos sete ventos ser um fiel defensor da estratégia da administração da PT, virou completamente a casaca, na noite anterior à assembleia geral, a troco de uns míseros milhões de euros com que os espanhóis acenaram. Nada de admirar nestes senhores, só os admira e tem respeito quem for parvo ou ignorante ou deles precisar. Não é o meu caso, e a piada é que, ao longo dos anos, sempre que olhava a cara desse senhor, na TV, eu me lembrava de um velho princípio da sobrevivência e pensava : "aqui está um homem a quem eu nunca ia virar as costas, em caso de conflito".
A PT fez mal, distraiu-se e virou-lhe as costas, para falar com alguém que estava por detrás. Foi o suficiente, o senhor votou ao lado dos espanhóis. Ele e a Ongoing, uma "coisa" que ninguém ainda entendeu muito bem o que seja. Produz o quê ? Acções ?
Bem, resumindo e desanuviando : perder no futebol é uma coisa, deixar-se "comer" em casa pela Telefónica seria outra. Não seriam nunca os espanhóis, depois, a garantir os postos de trabalho que a PT hoje representa, para portugueses, em Portugal e Brasil.
Por uma vez, aplaudo.
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