domingo, novembro 01, 2009

DAR ÁGUA A QUEM TEM SEDE
Não se consegue viver sempre com raiva, a odiar isto e aquilo. É simplesmente uma lei básica da natureza. E ainda bem que assim é, porque este nosso país cansa muito e eu já não tenho idade para andar sempre em pé de guerra.
Portanto, de vez em quando, meto férias e descanso dessas crispações de viver em Portugal e de não ser cego nem surdo.
Nessas alturas, tento sentir-me em paz com os outros e com o universo.
Desta vez, tive uma recompensa inesperada. Mão amiga fez-me chegar uma foto, alegadamente tirada na Austrália, durante este terrível surto de incêndios. Um bombeiro estende uma garrafa de água a um coala, e este bebe, com um olhar onde julgo ver reconhecimento, a sua pata na mão do homem. A foto está aí, olhem para ela e digam-me o que sentem.
Eu sinto um aperto enorme no coração e, ao mesmo tempo, vontade de chorar, chamem-me mariquinhas se quiserem. Depois, quando a racionalidade regressa e se sobrepõe á emoção, penso cá para os meus botões : porque é que nós só sentimos esta solidariedade algumas vezes e não sempre, para todos os seres humanos, bichos e plantas ? Porque é que tantas vezes nos esquecemos dos sentimentos básicos e agimos como feras ou mesmo como bestas ávidas de poder e dinheiro ?
Que raio, malta, as coisas podiam ser tão mais simples e boas para todos, se não andassem por aí uns quantos ( desculpem ) sacanas a querer tudo para eles ! E pronto, lá se foi o intervalo de paz, voltou a inquietude e a raiva surda ...

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