segunda-feira, maio 21, 2007

SÃO PROIBIDAS AS BOCAS SOBRE A LICENCIATURA DO SR. PRIMEIRO-MINISTRO !
Leram o meu post anterior ? Se não leram, sugiro que comecem por aí.
Hoje é imperioso que fale de algo inaudito acontecido num orgão do Ministério da Educação, a Direcção Regional do Norte.
O caso conta-se em três palavras : um professor destacado nesse orgão do Estado ( notem bem, ser um orgão do Estado não significa ser um orgão do Governo ... ), enquanto trabalhava, deu uma “boca” para um colega do lado, sobre a licenciatura do Primeiro-Ministro. A piada ( de que se desconhece o teor ) chegou ao conhecimento da senhora directora regional, que, pasme-se, logo ordenou a abertura de um auto de averiguações a que logo se seguiu, segundo parece, o respectivo processo disciplinar. Enquanto isso, o professor foi preventivamente suspenso e logo mandado regressar á sua Escola de origem, que quem trabalha num Ministério não pode mandar bocas ao Governo !
Claro que o caso foi imediatamente levado a Tribunal Administrativo pelo tal professor. E bem.
Mas que raio de importância viu a senhora directora regional numa piada sobre algo que toda a gente sabe que foi um processo atribulado, pouco ortodoxo e ainda por clarificar totalmente ? Quem lhe encomendou tal atitude persecutória, porque motivo se abespinhou daquela forma por uma boca ?
Este caso terá alguma importância ou tratar-se-á apenas de um fait divers, uma funcionária pública excessivamente zelosa ?
Em meu entender, é paradigmático, e ilustra bem o teor do meu anterior post. É assim que “as coisas” começam, é assim que os “intocáveis” são criados, é desta forma que se pretende colar fita adesiva na boca das pessoas, é a maneira que a gente pequena tem de evitar a oposição.
Não acredito que a zelosa funcionária pública tenha recebido ordens de alguém do Governo para não permitir desaforos relacionados com a licenciatura do Primeiro-Ministro. No que acredito é no excesso de zelo, misturado com temor reverencial, temperado com uma pitadinha de fé na divindade sacrossanta de um Primeiro-Ministro. Ou quem sabe, na esperança de que esse zelo seja recompensado na vida eterna. Ou na actual, bem terrena. De qualquer forma, aqueles a quem chamamos mais papistas que o Papa são frequentemente os primeiros ( ou segundos, não me interessa a ordem ! ) responsáveis pela criação de um clima horroroso de intolerância e de perseguição.
Conheci bem o processo nos tempos de Salazar, com a simpática Pide a policiar tudo e todos, mesmo cafés, bares e cinemas, e nem mesmo nessa época os funcionários públicos dos escalões médio/alto denunciavam ou perseguiam os seus colegas por uma boca contra o Governo.
Este caso é totalmente inaudito, reafirmo.
Preocupante, mesmo.
Vamos seguir este assunto com interesse.

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