domingo, abril 15, 2012

MISTER SCROOGE

Lembram-se do sr. Scrooge, aquele velho avarento dos contos de Natal ingleses, inventado por Charles Dickens ? Um destes dias lembrei-me dele, vá-se lá saber porquê.
Isto aqui em Portugal parece de facto um conto. Não um conto simpático de Natal, com muitas luzinhas e música à maneira, mas um conto de terror, com lobisomens e encruzilhadas à meia noite. Claro que a acção também mete um mr. Scrooge, agarrado ao dinheiro que conta e reconta, sem o utilizar em nada de útil. Quanto ao restante enredo, é confuso, ninguém conhece bem o guião. Até suspeito que não existe guião nenhum e que cada personagem faz o que quer, numa vertigem quase pornográfica. E digo pornográfica, desculpe-me o leitor a linguagem, porque quem se **** acabamos sempre por ser nós, os pagantes.
Já notaram, caros leitores, que em boa verdade não se pode chamar a isto governar ? Governar pressupõe um caminho, ou pelo menos uma vaga ideia de onde se quer chegar. Em Portugal, nestas ultimas semanas, tornou-se bem claro que não há bem um caminho, o que há é uma tentativa mais ou menos descabelada de sacrificar tudo e todos ao sucesso de alguns, bem poucos. Assim como no Titanic, onde os passageiros da 3ª classe e os tripulantes menos qualificados foram cruelmente sacrificados.
Inventam-se taxas, aumentam-se outras, descartam-se pessoas, corta-se nos financiamentos, mente-se, aldraba-se, atiram-se explicações e justificações desajeitadas e cretinas, proibem-se coisas absurdas ( fumar dentro dos carros, com crianças ?? ), eu já não sei que mais.
Um destes dias ouvi na RTP1, salvo erro, um dos personagens principais deste conto. Palavroso, advogadoso, literalmente vazio e atrapalhado quando a entrevistadora lhe falou nas PPP e coisas do género. Que está tudo em estudo, que brevemente iremos saber, tretas desse género. Paleio nitidamente para preencher o enredo do conto.
Não, amigos, NUNCA viremos a ter uma renegociação das PPP que não seja apenas para fingir. Nunca. O que viremos a ter é a continuação da mesma política do mr. Sócrates em privilegiar as grandes empresas que participam nessas tais PPP. O leitor ainda não leu ou ouviu uma das especulações sobre o fecho da Maternidade Alfredo da Costa ? É que esse fecho irá dar muito jeito à PPP que gere o Hospital de Loures ... é preciso arranjar clientes, c'os diabos !
Não, isto é mau de mais para ser a realidade, isto tem que ser um conto de terror ... Quanto ao sr. Scrooge, guarde lá o seu ( nosso ) dinheirinho bem guardado, ainda acabaremos um dia por ter as contas todas certinhas, é mais que certo.
Pena é que nessa altura Portugal esteja reduzido a metade, sob protectorado da Alemanha.




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