quarta-feira, junho 09, 2010

LÍDERES, PRECISAM-SE

Desgraçadamente, é assim mesmo como estão a ler : tanto em Portugal, como no resto da Europa, nesta época difícil, NÃO temos líderes inspirados, corajosos e com visão.
Nota-se perfeitamente uma onda de histeria a invadir toda a Europa. Chefes de Governo, altos funcionários da União Europeia, líderes da oposição, vemos toda a gente de cabeça mais ou menos perdida.
Ninguém tem qualquer ideia sensata ou mesmo louca sobre o que fazer. Toda a gente se limita a copiar medidas de contenção orçamental avulsas, sem sequer parar para pensar.
Até há uns meses, a palavra de ordem era colocar dinheiro no sistema financeiro, custasse o que custasse. Até a economia retomar. Uns meses depois, e porque a especulação financeira acelerou, toda a Europa decidiu, quase sem discussão, que agora o importante era controlar os défices, a todo o custo ...
Então e a crise, já acabou ? Se não acabou, onde nos vai levar esta loucura ?
Até a controlada Alemanha, por norma tão contida e reflectida, se apressou a baixar salários e a reter subsídios de Natal. Na Europa, acho que só a França tem escapado a este zelo doido no acerto das contas públicas.
Histeria, chamei-lhe eu, mas um prémio Nobel da Economia chamou-lhe recentemente masoquismo. O masoquismo europeu, que ele receia venha a afectar também os EUA.
Mas não é só na Europa que toda a gente parece de cabeça meio perdida. Nos EUA todas as vozes que sempre viram com maus olhos o euro aproveitam para clamar que o euro está condenado e que vai ser uma catástrofe do caraças.
Uma verdade está a vir ao de cima, singela e poderosa na sua clareza : a Europa, tal como tem sido estruturada, é um enorme bluff, um gigantesco castelo de cartas. É apenas uma gigantesca e ruinosa burocracia que não sabe para onde se virar, nestes dias. São milhares de funcionários, pagos a peso de oiro, com as mãos na cabeça. Mas estão a ver os líderes europeus conscientes desta verdade e a pensar o que deve ser feito ? Qual quê, é mais fácil aproveitar a maré e ir cortando em salários e regalias sociais dos trabalhadores, sempre se aproveita algo da crise, não é ?
Já notaram a insistência, por exemplo, com que em Portugal aparecem senhores bem vestidos e de ar competente a clamar por uma redução generalizada de salários ? Já pensaram porque raio é que quando há uma crise o remédio é sempre esse ? Já os ouviram, uma só vez que fosse, falar nas outras componentes que influenciam a produtividade e competitividade das nossas empresas ? Investimentos em equipamentos, organização, novas tecnologias ? Nãoooooooooo, isso dá muito trabalho, e obriga os "amigos" a investir e a arriscar, é mais fácil baixar salários e meter "a la poche" o diferencial daí resultante ! E se isso conduzisse a um aumento de exportações, por exemplo, ainda bem, mais uns eurozitos para engrossar a colheita anterior.
Amigos, digo-vos com toda a sinceridade : todos estes líderes políticos me metem nojo. E raiva. E desespero.
Infelizmente, já não somos só nós, portugueses, a não ir longe.
Toda a Europa está parada, em desalento, à procura de alguém providencial e salvador. Por mim, que não sou nada disso, apenas digo à Europa : não vão por esse caminho, é um erro gigantesco. Façam o oposto, ousem tomar medidas de incentivo à economia e ao consumo, aguentem enquanto puderem os défices internos e externos e dêem confiança às pessoas.
Então, de repente, toda a gente se esqueceu que, afinal, toda a economia assenta num jogo de expectativas ?

Sem comentários:

Enviar um comentário