sábado, novembro 27, 2010

A MITIFICAÇÃO DO MERCADO FINANCEIRO

Há algo de profundamente ridículo e falso na forma como os meios de comunicação e os numerosíssimos comentadores televisivos abordam a questão dos juros que o tão falado “mercado” insiste em aplicar a países como Portugal, Grécia, Irlanda, Espanha, etc ...
De acordo com tão ilustres fontes, o que levaria o “mercado” a aumentar ou diminuir os juros seria a sua percepção da solidez financeira e económica destes países e o grau de confiança que as medidas de contenção adoptadas transmitiriam ao tal “mercado”.
Mas esta gente está toda doida ou resolveram todos gozar comigo ?
Então os “mercados”, desconfiando que Portugal poderá vir a não poder satisfazer as suas dívidas, resolvem comprar na mesma os títulos ... mas a 7% em vez de 6% ? Então o juro mais alto resolve o problema da credibilidade ?
Meus senhores, deixem-se de “rodriguinhos”. O tal “mercado” não funciona assim, não é uma senhora rica e prudente a investir o seu dinheiro ... O tal “mercado”, meus amigos, são bancos e sociedades gestoras de fundos que todos os dias procuram os investimentos que maximizem os seus lucros. Não perdem tempo com leituras de orçamentos ou de pactos entre partidos. Pura e simplesmente olham em redor e procuram comprar e vender o que maior retorno lhes proporcionar. Acontece que, hoje em dia, a compra de dívida soberana destes países é um grande negócio ! Muito bom negócio, mesmo ! Ao contrário do que se possa pensar , o risco é baixo, bastante baixo, ninguém acredita que a Europa e o FMI fossem deixar ir à falência algum destes países. E se assim é, o risco é mínimo, malta ! Risco mínimo e lucro máximo.
Pura e simplesmente, as taxas têm subido ... porque podem subir, sem risco de ruptura. Vão tentando, sempre um pouco mais acima, tendo o cuidado de não subir tão alto os juros que venha o FMI estragar-lhes o negócio.
Estão a ver ?
Que raio é que isto tem a ver com a aprovação ou não do orçamento português ? Ou com a credibilidade de Portugal vir a pagar a sua dívida ? Se eles duvidassem, mesmo a sério, não investiam na nossa dívida e ponto final.

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