sexta-feira, dezembro 04, 2009

A VIDA INTERNA DOS PARTIDOS INTERESSA APENAS AOS PARTIDOS ??

Fala-se muito em democracia mas pratica-se pouco. Como na religião, em que muitos se reclamam católicos ( ou protestantes ou islâmicos ou budistas ... ) mas poucos seguem os respectivos mandamentos. Pratica-se pouco e reflecte-se ainda menos.
A democracia, em sentido lato, exige igualdade de direitos e de possibilidades para todos. Na realidade, é o oposto que se passa.
Olhem para o singular percurso de “carreira” de algumas das actuais figuras cimeiras nos nossos partidos políticos e vejam como a democracia foi “retorcida” até mais não poder. Ao contrário de Soares, Cunhal, Sá Carneiro ou Freitas do Amaral, muitos “subiram” as escadas de acesso aos circulos do poder guindados pela mão de um amigo, conterrâneo ou protector, sem qualquer tipo de curriculo prático ou mesmo teórico. Queimaram etapas, aparecendo em posições de destaque nos aparelhos partidários sem qualquer relação com os seus méritos políticos ou de militância. Muitas vezes, fizeram percursos paralelos em orgãos de comunicação, em “acumulação”, alcançando uma notoriedade falsa, apenas por “aparecer” nos jornais ou na TV.
Este percurso que traço engloba pessoas tão diferentes como Paulo Portas, Santana Lopes, Sócrates ou mesmo Cavaco Silva, pessoas que usaram processos “acelerados” de conquista de lugares de relevo nos respectivos partidos ou que para eles se viram atirados por causa da rodagem do carro ... Não estou a tentar diminuir-lhes os merecimentos, apenas me limito a verificar que utilizaram mecanismos de catapultagem política e que poucas ou nenhumas provas tinham dado até se tornarem “notáveis”.
É bom ? É mau ?
Depende, não é ? Para mim, é mau. Ficamos á mercê de todos os “habilidosos” que quiserem utilizar estes mecanismos. Só por um bamburrio da sorte estas pessoas virão a ser bons políticos, gente com capacidade para construir destinos. Temos que concluir que a democracia é refém, nos nossos dias, de coisas como o marketing e o jogo de influências. Num Mundo em que tudo se regulamenta, a tudo se aplicam normas rigorosas, porque motivo ainda ninguém tentou disciplinar a “carreira” dos militantes dentro dos partidos ? É uma questão puramente interna dos mesmos ? Uma ova é que é, quando os chefes desses partidos se tornam logo a seguir em primeiro-ministros e em presidentes ! E em directores disto e daquilo.
Convenhamos : um dos grandes, enormes problemas da nossa democracia é proveniente disto mesmo, do mecanismo totalmente ineficaz e completamente enviezado que os partidos, todos os nossos partidos, usam para escolher os seus “melhores”. E sabem que mais? Recuso-me a acreditar que estas pessoas, assim seleccionadas e por nós ratificadas, à falta de outras, sejam as melhores que o nosso País tem para nos governar.
Não são por certo, tempos houve em que sabíamos encontrar homens que nos levavam á India e ao Brasil. Agora contentamo-nos com homens e mulheres que apenas chegam a Bruxelas.

Sem comentários:

Enviar um comentário