quarta-feira, março 06, 2013

A FRANÇA DE VICHY

A França capitulou perante Hitler em Junho de 1940, assinando a rendição, pela França, um militar, o Marechal Pétain.
Os alemães apoderaram-se de todo o norte do país, zona que mais lhes interessava, em termos estratégicos e económicos. Quanto ao sul do país, entregaram a sua administração a Pétain, que formou um governo pseudo-livre francês com sede em Vichy.
Era um governo de um país ocupado. Pétain pautava a sua acção de acordo com todos os desejos dos alemães, de uma forma autoritária e de carácter nazi-fascita.
Por exemplo, entregava sem piedade aos alemães todos os franceses sobre os quais incidiam suspeitas de serem judeus.
Um excelente discípulo de Hitler, portanto. Um francês cuja vocação era servir os alemães e que se estava nas tintas para os problemas e necessidades dos seus compatriotas, os franceses.
Não queria massacrá-los com estas histórias abomináveis de franceses e alemães em tempos da Segunda Guerra. Apenas o faço para vos dar a justificação da minha afirmação de hoje : o actual governo português é uma espécie de governo de Vichy, embora com sede em Lisboa. Toda a sua estratégia e actuação prática tem por origem outros centros de poder, a Europa, a Alemanha, mas nunca o povo português. É um governo de um país sob ocupação estrangeira, a troika, e apenas projecta e executa de acordo com a vontade da potência ocupante. Nunca lhes passa pela cabeça protestar ou fazer valer as necessidades do povo português, bem patentes pela miséria social crescente. Não, tudo ao gosto dos ocupantes, nada que os faça irritar connosco.
Alguns leitores acharão que exagero nesta afirmação. A esses peço-lhes que pensem, sem preconceitos, e vejam onde e quando este governo se dignou representar verdadeiramente o povo que o elegeu e os seus anseios. Digam-me, quando ? Depois, vejam como se comportam sempre com os "invasores" : sorrisos, mesuras, salamaleques ... Depois de pensar bem, digam-me lá então se temos ou não o governo de Vichy ?
Ah, é verdade, deixem-me que vos dê só mais uma informação : quando os aliados desembarcaram na Normandia e libertaram a França, o governo de Vichy foi considerado uma traição à França. O Marechal Pétain foi julgado e condenado à morte por alta traição à Pátria, sendo esta pena comutada mais tarde em prisão perpétua.
Pedaços de História muito elucidativos, em meu entender.

PS1 - afinal, porquê todas estas exigências e não pode fazer isto nem sonhar em fazer aquilo que a troika nos dita ? Bolas, eles nem sequer nos ganharam militarmente. Apenas nos emprestaram dinheiro - e com juros, caramba. Porque havemos de ser tão subservientes ? Porque rastejamos tanto ?

PS2 - para quando está previsto o dia D ? Quando é o desembarque dos aliados ? Ou quando é que atiramos algum "ocupante" de uma qualquer varanda abaixo ?

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quarta-feira, janeiro 16, 2013

COELHO HOJE NA CONFERÊNCIA "PENSAR O FUTURO"

É absolutamente hilariante que certas pessoas, ostensivamente incapazes de pensar o presente, resolvam botar palpites sobre o futuro. Fantástico.
Talvez por isso Passos Coelho tornou a declarar, acho que pela segunda vez, que o Sporting vai afinal ganhar a Liga este ano - perdão, que a crise está em vias de terminar.
É esta capacidade de previsão que faz dele um político de excepção. De excepção porque nenhum dos outros se mete em tantas baralhadas.
Enfim. Que tenha uma longa vida, é o que lhe desejo - agora com sinceridade - mas de preferência perto de Sócrates. Assim, pelo menos, irritam-se um ao outro e não a nós.

segunda-feira, janeiro 07, 2013

LAMENTOS DESARRANJADOS

São nove da noite. Lá fora, na rua, está frio. Aqui, no meu quarto, o gato dorme pacificamente aos pés da minha cama. A casa está silenciosa, a minha filha está na escola ainda, só deve chegar lá pelas 10 e tal. Tenho a televisão sem som, como muitas outras vezes. Nem o ruido dos autocarros me chega da rua, graças ás recentes janelas de vidro duplo. Acho que já tenho saudades desses ruidos. Estive a ler durante muito tempo, parei com a sensação de não saber as horas nem onde me encontrava. Agora já sei mas fiquei a matutar no tempo. No tempo que nos foge. Entre muitas outras coisas, é esse tempo que me tem vindo a fazer envelhecer. Este ano, lá para meio do ano, vou fazer 70 anos. Incrível, setenta anos. Um velhote, em todos os sentidos. Lá está esse tempo estuporado, não sei bem como é que isto aconteceu tão depressa. Claro que é melhor eu aceitar, ou fingir que aceito, ninguém tem paciência para aturar um velho arrependido e contrariado por ter envelhecido. OK, mas lá que estou estonteado com esta história é verdade.
Tenho fome ? interrogo-me. A verdade é que não almocei, hoje. Comi uma sandes de carne assada, lá pelo meio da tarde, quando regressei do Leroy Merlin. Sabem, aquele armazém grande de artigos de bricolage ? Frequento esse ambiente como outros vão a apresentações de livros, a estreias de cinema ou a exposições de pintura. Acho que me identifico mais com berbequins e tintas do que com escritores e senhoras distintas a falar bem. Reparo agora que isto dito assim me dá um ar troglodita e vagamente estúpido. Que se lixe, é a verdade. De pintura, por exemplo, prefiro as Janelas Verdes, aprecio muito mais os pintores já mortos, que nos deram tempo - cá está o tempo de novo - para depurar e saborear as suas obras. Passa-se o mesmo com os escritores. Conheço dois ou três escritores ainda vivos e, apesar de até gostar de algumas das suas obras, dou por mim a rejeitar os seus maneirismos, a sua mania, os seus tiques. Como a vaidade. Quanto a Eça de Queiroz, por exemplo, já não somos convidados para a apresentação de mais um livro, na FNAC ou no Grémio Literário, nem somos escorraçados pelo seu mau feitio ou vaidade. Não, em síntese, um artista bom é um artista morto. Não pelo mesmo motivo que por vezes se diz isso dos extremistas, mas pelos motivos que já vos apontei.
Não faço a mais pequena ideia do motivo que me levou hoje a alinhar estas palavras. A solidão, talvez.
Ou a anti-vaidade que é uma forma canhestra de vaidade, também. Chiça !
Passem bem. E não me venham mais chatear para eu não estar sempre a escrever sobre política. Já viram no que dá quando escrevo sobre outras coisas ??



sexta-feira, janeiro 04, 2013


AS QUINTAS E AS HORTAS, EM BENFICA


A quinta que vêem na foto chama-se Quinta da Granja e ainda resiste, orgulhosamente, em Benfica. São cerca de 11 ha de terreno cultivado, com um complexo de casas no topo da colina, rodeados por edifícios e arruamentos por todos os lados. A quinta data de finais do século XVII, é velhinha, tem todo o direito de estar onde está sem que ninguém a chateie. Já teve vinha, depois ovelhas, agora apenas cereais. Ao que me disseram, a família proprietária recusa vender esta linda preciosidade, de outra forma já estava transformada em betão encavalitado um no outro.
Fica mesmo perto do Colombo, em Lisboa.
Mas hoje não me vou ficar pela Quinta da Granja. Saibam que ela já não está sózinha no meio dos carros e prédios. Entre a quinta e o Colombo a Câmara Municipal de Lisboa deu expressão a um sonho velho do Arquitecto Ribeiro Teles e construiu umas Hortas Urbanas. O terreno ( já existiam no local umas velhas hortas ad-hoc ) foi todo preparado, água e electricidade colocadas e dividido em talhões com uns barracões pré-construidos.


Em seguida foi feito um concurso e cada talhão foi alugado a um interessado na sua exploração. Garanto-vos, são autênticas mini-hortas onde não faltam as couves, as alfaces, as favas, ervilhas e tudo o resto que se adivinha.

Vou de minha casa ao Colombo muitas vezes, a pé, e é sempre ao lado destas hortas que passo. Os meus olhos vagueiam sempre pelo verde das plantas e pelo esforço dos agricultores urbanos que, curvados e de enxada em riste, por ali se divertem calmamente, a dois passos dos carros e da balbúrdia do grande centro comercial.
Lembro-me sempre do velho arquitecto Ribeiro Teles, que eu conheci nos anos sessenta em comícios de oposição ao ditador Salazar. Como ele deve sorrir ao ver esta realidade !
Penso, muitas vezes, como deve ser ser bom ver um dia concretizado um velho sonho de transformação da realidade que uma vez tivemos...
Seja como for, obrigado arq Ribeiro Teles e obrigado Câmara Municipal de Lisboa. Esta ideia e a sua concretização estão a trazer muita felicidade a muita gente.
Entre eles ... a mim, também.
Até.

PS - Não, não, não sei nada de nabos e hortaliça, gosto muito da ideia mas não me vão apanhar de enxada ao ombro ...


sábado, dezembro 22, 2012

 O EXEMPLO DO BANQUEIRO PATRIOTA  

Em muitas e variadas ocasiões habituamo-nos a ver a figura pseudo-aristocrática, ligeiramente empertigada e pedante do presidente do Conselho de Administração do BES, sr Ricardo Salgado, produzindo afirmações sobre a actualidade política.
Uma figura daquelas que muita gente chamaria de "acima de qualquer suspeita".
Porém, quem lhe chamar isso erra profundamente.
Veio agora a lume, o senhor não resistiu a tanto imposto e  colocou a salvo, num qualquer offshore estrangeiro, uns milhõezitos de euros, ao que parece a título pessoal.
Sim, não se admirem, a título pessoal. Ou pensam que uma pessoa importante como esta não terá de seu uns míseros milhões de euros ?
Bem, seja como for, o senhor assustou-se com uma investigação em curso pela PJ e tratou de alterar a sua declaração de IRS e pagou o imposto em falta, ao abrigo de uma legislação caridosa, feita para senhores assim, em que apenas se paga 7.5% de imposto, uma coisa insignificante.
Ao que parece o sr Ricardo Salgado não foi considerado arguido de coisa nenhuma e irá brevemente, numa TV perto de si, tecer considerações sobre o elevadíssimo custo da mão-de-obra em Portugal e coisas congéneres.
Um mimo, esta estratégia. Primeiro, prevarica-se e depois, se a coisa der para o torto, paga-se o imposto devido e pronto, é como se nada tivesse acontecido. Claro que se a coisa não der para o torto ...
Este é o Portugal de 2012. Cheio de fulanos destes, com a complacência da justiça e das finanças. É com  Administradores bancários destes, bem como aqueles do BCP e BPN que iremos reconstruir o País ?
Quanto a mim, um destes dias ainda sou constituido arguido e levado a julgamento por ter protestado pelo roubo dos subsídios e agora pelo corte nas pensões ...

sexta-feira, dezembro 21, 2012

JESUS EXPULSA OS VENDILHÕES DO TEMPLO

Chega Dezembro, as árvores despem-se, a chuva, a neve e o frio tomam conta das montanhas, dos campos e das ruas das cidades. Os homens agasalham-se, acolhem-se a fogueiras, lareiras e aquecedores. Acendem-se luzes, animam-se as almas, renovam-se esperanças. Começa a sentir-se o Natal, a solidariedade surge nas palavras que lançamos ao vento.
Trocam-se votos, compram-se prendas, prepara-se a ceia, redescobre-se a alegria de viver.
É assim todos os Natais.
Era assim em todos os Natais.
Neste Natal, não. Neste Natal não vai haver alegria na ceia para milhares e milhares de pessoas. Desempregados, despojados, roubados, sem abrigo, sem esperança, todos somos este ano um pouco náufragos neste mar enraivecido e traiçoeiro.
Não há grandeza nem amor nem abraços solidários entre todos nós, neste Natal. Vivemos uma época de luto, de luta, de tristeza. Os céus estão negros, o vento assobia, não há luzes nem música nem esperança.
Neste Natal, não me apetece saudar o nascimento de Jesus. Prefiro saudar o Homem, ou o filho de um Deus, que, num gesto silencioso e frio, indignado, expulsou do Templo os comerciantes que tudo vendiam, indiferentes ao local e ao respeito que o mesmo lhes devia merecer.
É esse Menino que prefiro saudar, neste tempo em  que tantos vendilhões invadiram o Templo, de novo.
Um abraço, amigos. Havemos de conseguir, basta seguirmos o exemplo do Menino.
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segunda-feira, dezembro 10, 2012

A ÁRVORE DE NATAL 

Confesso a minha simpatia pelo Natal. Ao longo dos anos já tenho dito - e escrito - que detesto o Natal. Mentira. Sempre gostei do Natal, desde menino. Por vezes irrito-me com essa história da festa da família, eu que de família sou tão pobre e escasso. Deviam chamar-lhe a festa de Jesus, porque é disso que se trata, afinal, ou não é ?
Em pequeno deliciava-me a fazer o presépio. Para mim, o presépio nada tinha de arte abstrata. Não, as coisas tinham todas de figurar lá, no meio do musgo e areia. Fazia, com barro, as figuras da Virgem Maria, S. José e Menino Jesus, e acrescentava também, com alguma relutância ( porque não as sabia fazer lá muito bem ) a ovelha, o burro e a vaca. Nasci adiantado no tempo, parece que agora o Papa Ratzinger decidiu bani-las do evento ... Bom, mas não me ficava por aí : o presépio tinha sempre que "meter" um poço com a nora respectiva, um lago ( que eu fazia mesmo com uma lata e água ) e alguns cidadãos a subir a estrada. Para mim, também não havia palheiro, Jesus nasceu mesmo foi numa gruta...
Comprazia-me nisto vários dos primeiros dias das férias do Natal, na Escola Primária. Era uma delícia.
Mais tarde, já não sei bem por quem, fui apresentado á árvore de Natal. Um espanto, aí o meu  gozo eram as luzes, que na época e com o parco dinheiro reinante, eram escassas e demasiado grandes, nada das maravilhas modernas.
Bom, mas estou a divagar.
Hoje, nada de política, como me aconselhou um bom amigo meu. Apenas para vos dizer que já fiz a árvore de Natal cá de casa. É um rebento de pinheiro daqueles que estão fora do pinhal, apanhado por esse meu amigo do conselho. Fomos tratar do mini-pinheiro já era noite, lanterna ( chinesa ) na mão, carro a trabalhar com os faróis acesos apontados para nós. A noite, o cheiro dos pinheiros, o céu cheio de estrelas, os faróis do carro, tudo foi uma saborosa aventura. Agora, aqui está o "nosso" pinheiro, ostentando orgulhosamente a catrefada de luzes - são leds made in China, vejam lá a evolução - que lhe enrolámos á volta.
Fica bem o pinheirinho aqui em casa. De vez em quando cheiro-lhe os ramos e lembro-me da minha infância.
Fico largos segundos a olhar as luzes e a ver coisas entre elas. Sobretudo coisas do passado. Como convêm, de resto, talvez consiga vislumbrar um menino nascido algures em Belém e que viria a incomodar muita gente bem instalada e a ajudar muita gente infeliz e pobre.
Fiquem-se com a minha árvore, por hoje.
Obrigado a vocês que tiveram a paciência de me ler e ao meu amigo Zé, que me descobriu a árvorezinha ...
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quarta-feira, dezembro 05, 2012

A CLASSE DE GASPAR E PASSOS COELHO

Nestes dias foi bem visível a classe dos nossos governantes, Vitor Gaspar e Passos Coelho, face àquela história de termos ou não as mesmas condições que a Europa concedeu à Grécia. Lembremos : a Europa permitiu à Grécia ter juros um pouco mais baixos e, muito importante, deu-lhes um prazo bem mais alargado para começar a pagar a dívida. Num primeiro momento, um responsável da burocracia Europeia insinuou que Portugal e a Irlanda iriam beneficiar dessa decisão. Gaspar e Coelho, compreensivelmente, desdobraram-se em afirmações e explicações sobre o tema, encantados com a ideia.
A Europa, porém, já não conhece a palavra solidariedade a menos que seja obrigada. A Europa faz tudo para não gastar uns tostõezitos. A Alemanha, a França e a presidência da Europa começaram logo a dizer que no seu entender, se fossem Portugal e a Irlanda, nunca pretenderiam que lhes fossem aplicadas as mesmas soluções que a Grécia. Seriam muito mau, os mercados levar-nos-iam a mal, nunca mais nos emprestariam dinheiro ... Argumento esfarrapado, quase todos os analistas afirmaram que os mercados apenas se preocupam com a potencialidade dos países para pagar as suas dívidas, não mais. Ou seja, a Alemanha, a França e a comunidade estão-nos a enganar, a ver se não reclamamos o mesmo tratamento ...
Tudo bem, pessoalmente, nesta fase da Europa, eu não esperava outra atitude.
De quem eu esperava uma atitude bem mais firme era de Gaspar e Passos. Ludibriados, manipulados, é um desconforto, uma vergonha nacional vê-los "meter a viola no saco" e começar imediatamente a repetir os argumentos da Europa  ! Meu Deus, é a indignidade total, esta gente desconhece a verticalidade da coluna vertebral e ignora completamente o que significa representar um país.
Estes dois senhores não podem relacionar-se com a Europa como estão habituados a fazer na sua vida privada : sempre a obedecer, sempre a agradar aos chefes, como unica forma de defender colocações e tachos. Estes senhores deviam frequentar um curso rápido do que significa e exige falar em nome de um País autónomo, defender os seus interesses antes de mais nada, pondo de lado simpatias e receios de ofender os poderosos.
Repito : foi lamentável o que sucedeu. Envergonharam o País e a eles próprios.
Até aquele senhor que habita Belém se viu obrigado a sair do seu voto de silêncio, hoje, e reafirmar publicamente qual deve ser a atitude de Portugal : exigir melhores condições de juros e prazos para pagamento.
Percebe agora, leitor ( é retórica, o leitor já o percebeu há muito ) porque motivo eu comecei, há uns tempos atrás, a falar de traição a Portugal por parte de Gaspar e Coelho ? Como vê, ao acatar as desculpas esfarrapadas da Europa deixaram de defender os interesses reais de Portugal !!!
Até quando nos vamos deixar representar por pessoas que não defendem os nossos interesses ?

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segunda-feira, dezembro 03, 2012

OS EQUILIBRISTAS E OS VIGARISTAS

Em Portugal só há dois tipos de pessoas : os equilibristas e os vigaristas. Não estou nada a exagerar, é só pensarem um bocado. Aqueles que não querem ser vigaristas e não aguentam ser equilibristas, emigram, vão para outros ares onde não os obriguem a esta escolha difícil.
Deixemos de lado os vigaristas, categoria que todos conhecemos e que não exige grandes caracterizações.
Vejamos a grande maioria dos outros, os equilibristas. Gente que desde que nasceu sempre precisou, em maior ou menor grau, de se equilibrar perante os obstáculos da vida. Gente que teve que resistir a coisas como a ditadura, a guerra de África, os desmandos e as ansiedades da revolução, as tropelias sem conta de muitos e desvairados governos. Hoje inventa um novo imposto, amanhã cria um novo procedimento, obriga a usar a internet a pessoas que nem sequer sabem escrever uma carta. Os bancos telefonam hoje para casa a oferecer um grande crédito, amanhã dizem-nos que estamos em crise porque gastámos mais do que produzimos. Ontem, a Europa achava que nos devíamos dedicar ao turismo e dava-nos rios de dinheiro para não cultivar, não pescar, vender a industria. Hoje, dizem-nos que estamos falidos, levam-nos juros agiotas pelo dinheiro que nos emprestam, torcem o nariz à nossa falta de produtividade.
As leis, os orçamentos, mudam, remudam, retorcem-se, distorcem-se, andam para ali, andam para aqui. Em Portugal sempre se confundiu mudar a realidade com produzir leis. Somos talvez os maiores produtores mundiais de legislação, ela é tanta que já ninguém sabe ao certo que leis é que existem e qual foi a finalidade das mesmas. Fazem-se leis e dois dias depois fazem-se alterações às mesmas leis. Desconfio que já foram produzidas alterações a leis que nem sequer ainda existiam.
Já vivemos épocas de crescimento, de optimismo. Milhares de autoestradas. Grandes Centros Culturais. Magnificos terminais de passageiros e carga em pistas ( Beja, lembram-se ? ) onde nunca iriam aterrar e descolar aviões, a não ser os militares. Inundámos o país de geradores eólicos de electricidade, especialistas de produção de energia eléctrica quando estamos todos a dormir, sem precisar dela. Inventámos computadores parvos que distribuimos pelos putos todos, sem qualquer ganho visível. A não ser alguns que foram parar à Feira da Ladra. Tudo ilusório, meus senhores, quanto mais olham menos vêem...
De quando em quando, com uma periodicidade assustadora, chamamos o FMI porque já não sabemos para onde nos virar. Aí, inevitávelmente, arranjamos forma de ir buscar aos bolsos do Zé Povinho o dinheiro que os nossos políticos desbarataram ou os nossos bancos perderam, em investimentos ruinosos. Aí começamos a teorizar sobre a baixa produtividade dos trabalhadores portugueses, os elevados custos da mão de obra, que é preciso baixar, e também sobre essa gentalha dos funcionários públicos, que são imensos e ganham que se fartam. Pouco importa que tenham sido eles, os aprendizes de feiticeiro, a engrossar desmedidamente as fileiras dos funcionários públicos, salários acima das tabelas, com familiares, amigos, filhos, sobrinhos e afilhadas. Isso é omitido, ninguém sabe de nada, pá, quem ? nós não fomos ...
Este país é uma anedota pegada, meus senhores. Nós a suportar tudo isto, a trabalhar, a pagar, e os senhores ainda por cima a chamar-nos nomes feios.
Ainda acham que não somos equilibristas ? E dos bons, caramba, daqueles ( como na imagem ) que não precisam de vara de balanço nem de cabos de segurança.
Pelo meu lado, que estou velho, ando-me a equilibrar há mais de 65 anos, caramba !!!
E sem ver fim ao espectáculo, o que é o pior.

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quinta-feira, novembro 29, 2012

AJUSTAMENTO ou TERRORISMO POLÍTICO ?

Passos Coelho e os seus apaniguados continuam desesperadamente a executar o seu plano.
Não sei se têm consciência disso ou não - acho que têm mas não se preocupam - a sua acção tem sido e vai ainda ser mais caracterizada por uma ideia simples : o que estão a fazer é terrorismo político.
De facto, a ideologia que subjaz a esta acção destruidora tem muito de extremismo religioso. Tal como outros terrorismos, acreditam na capacidade redentora da destruição e da vingança ; tal como outros antes deles, são teimosos, não cedem à razão nem aos apelos. Tal como outros extremismos, julgam-se iluminados e legitimados por uma qualquer entidade mítica, neste caso o mercado e o liberalismo económico.
Tal como todos os outros iluminados, não olham a meios nem os comovem os efeitos nocivos das acções que executam.
No seguimento do paralelismo, Passos Coelho e o seu grupo não têm dúvidas, atacam inesperadamente, disparam rajadas para toda a parte, seguem a política do facto consumado. A falta de respeito e a total ausência de empatia para com os seus alvos é outra característica marcante que permite a esta facção apanhar de surpresa muita gente.
Por último, tal como os outros, estes novos terroristas não têm a mais pequena ideia de como a sua acção virá a ter seguimento, não pensam nisso, importa é continuar a destruir depois logo se verá. Este gosto pela destruição, pelo abalar do edifício até aos seus alicerces é de tal forma que - tal como os outros - manifestam desconforto se a Europa faz alguma coisa que lhes retire os alicerces, que faça perigar o seu alibi. Não querem ouvir falar em juros mais baixos, nem em dilatar prazos, nem em nada que nos facilite a vida : percebam, amigos, qualquer coisa nesse sentido retira força à sua fúria destruidora.
Terrorismo político puro. Pessoalmente, nunca tinha visto nada deste género, mas é assim que os vejo, actualmente.
Resta-nos usar as mesmas armas, para nossa defesa, que usamos contra qualquer outro género de terrorismo.
Há que os neutralizar, o mais depressa possível, antes que não reste nada do Portugal de Abril.

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segunda-feira, novembro 26, 2012

O REGRESSO AO PÃO E VINHO SOBRE A MESA ?

Nos ultimos dias a raiva e a impotência são tão grandes dentro de mim que quase não deixam espaço para escrever. Ou viver.
Não sei que mais apreciar, se a total e completa traição de um governo ao seu povo se o vergonhoso espectáculo de uma maioria acéfala, teimosa e completamente ignorante.
Toda a gente já percebeu, economistas e políticos de todos os quadrantes e cantos do Mundo já o disseram : continuar por esta senda de cortes só provoca o agravamento de dívida e dos défices, sem benefício para ninguém. Nem para nós, portugueses, nem para os nossos credores.
A coisa é tão transparente e inevitável que apetece perguntar : se  os senhores do governo, que não são estúpidos, continuam cegamente a fazer o mesmo, é porque o seu verdadeiro objectivo não é a dívida nem o défice, mas sim outra coisa.
O quê , então ?
Há várias respostas possíveis, dependendo de quão longe levamos o verdadeiro objectivo do governo : empobrecimento da sociedade, desmantelamento do estado social, submissão à estratégia ( uma vez mais ) da Europa e ou da Alemanha.
Qualquer um destes objectivos, se se vier a provar, é suficiente para se acusar este governo de traição a Portugal ou à ordem constitucional vigente. Deixemo-nos de eufemismo ou de meias tintas. Corremos o risco de andarmos a ser vítimas de uma ideologia criminosa ou, ainda pior, de submissão a uma outra ideologia estranha ao interesse nacional.
Não vejo grandes alternativas, sinceramente. O descalabro é e vai ser tão grande que este governo ou é o supra-sumo da incompetência e ignorância ou anda a reboque de interesses que não são os nossos.
Passa pela cabeça de alguém obrigar todo um povo a regressar ao velho fado da casinha portuguesa com pão e vinho na mesa só porque as contas públicas não andam certas ? Ou porque é preciso desviar muitos milhões de euros para segurar a banca ?
Volto a lembrar os mais esquecidos : o limite da paciência dos portugueses está quase, quase, atingido. Quando tal suceder, se vier a suceder, não há cargas da polícia de choque que os salvem.
Repito, não se esqueçam disso.
Eu avisei.

quarta-feira, novembro 21, 2012

OS LIMITES DA DEMOCRACIA REPRESENTATIVA

Vou ser rápido, simples e perfeitamente claro, espero eu : este Governo NÃO tem legitimidade para fazer nenhuma discussão e muito menos alteração nos limites e contornos do chamado Estado Social. Não pode, legitimamente, fazer nada de tão dramático porque pura e simplesmente não possui delegação do povo português para tanto.
É assim que funciona a democracia representativa. Nenhum destes temas foi abordado ou discutido nas ultimas eleições legislativas, logo o governo não deve fazer nada sem possuir mandato para tanto.
Se, de facto, querem discutir esses temas e sobre eles tomar decisões, só têm uma solução : fazer novas eleições. Tão simples como isso. Então, cada partido dirá o que pretende fazer quanto à reconfiguração ( ou não ) do nosso Estado e o povo escolherá.
Qualquer procedimento que não passe por novas eleições é ilegítimo e, consequentemente, anti-democrático e inconstitucional.
O senhor Presidente da República que tenha muita atenção a esta questão : o povo português não deu qualquer procuração ao actual Governo para modificar os limites do Estado social. Se o tentarem fazer, estão fora da legalidade democrática e podem, nos termos da Constituição, ser demitidos pelo Presidente da República ou ... destituidos pelos militares, em razão do juramento de fidelidade deste corpo especial para com a Constituição.
Esta é apenas uma consequência imediata  das regras da democracia representativa, realidade à qual já ninguém parece prestar muita atenção.
Ou a crise já suspendeu a legitimidade democrática ?



segunda-feira, novembro 05, 2012

A MINHA LISBOA

Por vezes canso-me da política, da pequenez sórdida desta gente que se apropriou do país e deixo o meu espírito divagar por outras andanças.
Gosto de Lisboa. É a minha cidade. Embora aqui não tenha nascido, vivo em Lisboa há uns bons 50 anos. Conheço a cidade, claro, mas ainda há nela muitas coisas que me encantam e transportam para outros tempos, uns da minha juventude, outros de pessoas ilustres que por aqui deambularam, como Fernando Pessoa  ou Almada Negreiros.
Gosto de percorrer velhas ruas, de preferência sem saber muito bem onde vão dar, deixando os meus olhos absorver pormenores de múltiplas formas e cores. Águas furtadas forradas a chapa canelada de zinco, lá em cima, sabe-se lá quem lá mora, dorme e sonha. Lampiões de desenho antigo, fazendo-me lembrar os de gás, do tempo do terramoto. Varandas de pedra estreitinhas, com protecções de ferro forjado, castigadas pelos anos e chuvadas várias. Estores que se enrolam e desenrolam naquelas caixas metálicas exteriores, pintadas de um tom sujo que se adivinha já ter sido beige ou branco. Velhas mulheres com xailes à volta dos ombros, assomando de janelas do rés do chão, protegidas por meias sacadas de ripas pintadas de verde. Calçadas todas desniveladas, um grande alto aqui, uma poça cheia de água acolá, pedras polidas por gente que eu nunca conheci mas que posso perfeitamente imaginar. O sr. Cardoso, que tem um cafézito ali à esquina, a Dª Laura que é modista para fora, o sr. Joaquim, o dono do lugar de frutas e hortaliças, a Dª Eulália, viúva de um antigo embarcadiço das linhas de África. E tantas outras pessoas que por aqui fizeram as suas vidas e que, por isso mesmo, deram vida a estas ruelas.
E é assim que eu gosto de ver Lisboa, sem automóveis, nem bares finos, nem centros comerciais. Com gente modesta e humilde.
O pior é que, quando penso nestas gentes, me vem logo à ideia a seguinte questão : então esta gente é que viveu e vive acima das suas posses ? Foi esta gente que gastou à tripa forra e agora têm que pagar tudo à troika ??
Mau, amigos, lá se foi o meu tranquilo interlúdio com a política de lado. É inevitável regressar à selva em que esta gente nos mergulhou.
Paciência, até breve !

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domingo, novembro 04, 2012

VAMOS TER PANCADA, COMPANHEIROS ...

Como sabem, há muito que comecei a alertar para este perigo de acabarmos todos à pancada. As coisas complicam-se cada vez mais.
Temos um Governo esquisito, cuja essência pode bem ser ilustrada pelo senhor da foto ao lado. Uma mistura entre uma rapaziada incompetente e um bando de assaltantes sem pudor do Estado português. Governo legitimado formalmente pelo voto popular, há ano e meio, há muito que abandonou essa legitimidade, enveredando por caminhos ínvios e manifestamente inconstitucionais e ou ilegais, sem qualquer relação com o seu programa eleitoral.
Com ou sem legitimidade democrática, Passos Coelho é um exemplo perfeito da insanidade e da teimosia de uma certa direita, convencidos da sua missão religiosa de salvar Portugal, começando ... por o destruir, para começar.
Na essência, essa é  a explicação subconsciente da palavra que usou. Para refundar, seja o que for, é preciso antes de mais que essa coisa esteja ou venha a ser destruída.
Esta rapaziada, teimosamente empenhada na destruição do Estado social, não desanima mesmo quando é notório que não existe, em Portugal, uma maioria favorável a esse desígnio. Forçando a situação, procuram criar em certos sectores da população a ideia que o Estado social é o responsável pelo nível exagerado de impostos que irão pagar. Visto por outro ângulo, andam por aí a propalar esta ideia : querem pagar menos impostos ? Vamos então reduzir ou acabar com esse Estado social, é por aí que o vosso dinheiro se vai.
Lembram a brutalidade com que foi anunciada, na altura, a  redução de 7% nos vencimentos para entregar directamente aos patrões ? Voltem a lembrar agora a "enormidade" dos impostos em 2013, assim descritos por Vitor Gaspar. Atentem nas suas recentes expressões "os portugueses não querem pagar os impostos que seriam necessários para custear o estado social". Notam a sequência das medidas e das frases ?
Bom, acho que hoje já não há margem para dúvidas.
E então ? Então, com a oposição do PS, este governo sabe que tem que entrar numa área cinzenta e provavelmente ilegal para conseguir cortes anti-Estado social. Nada que os demova, já perceberam que podem fazer muita coisa antes que o Presidente da República, esse não-interveniente, e ou o Tribunal Constitucional tomem uma decisão. Irão portanto forçar as coisas, tentando criar factos consumados.
Só que ... esta rapaziada sabe pouco das dinâmicas sociais. Na ausência de actuação do Presidente da República e do Tribunal Constitucional, resta-nos sermos nós, os portugueses, a agir. Civis e ou militares, a história de Portugal mostra bem estas coisas.
É por isso que vos digo : VAMOS TER PANCADA, COMPANHEIROS ... e da DURA ! 
Continuem, PSD e CDS, convencidos que iremos aturar todas as vossas diatribes e vão ter uma grande, uma enorme surpresa.
Considerem-se avisados.

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quarta-feira, outubro 31, 2012

O QUE ELES QUEREM SEI EU !!!

Vêm-os ? Agora percebe-se bem, não é ?
Aproveita-se a oportunidade, começa a dizer-se que é preciso um corte permanente de 4.000 milhões de euros e vai daí, pergunta-se onde é que vamos cortar sem ser nos sectores que nos levam mais dinheiro, a saúde, o ensino e a segurança social ... Os rapazes ( eles, o PSD e o CDS ) até são grandes defensores do estado social, mas palavra de honra que não temos dinheiro para isso, afirmam hipocritamente. A malta tem que refundar umas coisitas, né ?
Agora vê-se muito bem, um ano e meio depois de chegarem ao poder, onde é que esta gente quer chegar.
Temos que cortar 4.000 milhões de euros, portanto há que privatizar uns sectores do ensino, umas valências hospitalares, coisas desse tipo.
Nem sequer é dito que, em 2013, só em juros da dívida vamos pagar 8.000 milhões de euros, o equivalente ao sistema de saúde ou ao sistema escolar ... Se negociassem e obrigassem a Europa e o FMI a levar-nos juros mais baixos ( metade, por exemplo ) só aí iríamos buscar qualquer coisa como 2.000 milhões ! Mas não, nós somos muito sérios, deixamo-nos explorar indecentemente pelos nossos pseudo-salvadores e sempre de bico calado, com um espírito de escravo agradecido pelas benesses do senhor.
Também não é dito que, com uma economia a crescer, teríamos mais dinheiro dos impostos e as necessidades não seriam tão dramáticas. Também não se fala nas PPPs, num imposto sobre as grandes fortunas e não sei quantas coisas mais. Como investir na produção. Não, o "negócio" é bem feito, só se fala nos factos que favorecem o objectivo deles.
Não, leitor, nada de ilusões, a verdade é que esta dívida veio mesmo a calhar para eles conseguirem convencer alguns portugueses quanto ás suas teses. O que o nosso ( nosso ?? ) governo pretende, como já disse várias vezes, NÃO é resolver o problema do défice e da dívida externa ; o que eles querem é arranjar uma catrefada de negócios para os amigos, nacionais e estrangeiros. Não duvidem, esta rapaziada não tem qualquer vínculo emocional com Portugal e os portugueses, a Pátria deles é a Europa dos negócios, a Europa do dinheiro.
Se bem repararam, o Orçamento para 2013 já não é importante , na Assembleia só se falou, durante horas, no corte permanente dos 4.000 milhões e na refundação não sei bem de quê.
É caso para gritar, agora, aquela expressão tão popular : o que eles querem sei eu !!!

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domingo, outubro 28, 2012

AS COISAS FICAM CLARAS !

Ora vejam, as coisas estão a chegar ao momento da verdade.
Vejam como aquilo que sempre foi o objectivo principal de Passos Coelho começa a vir à superfície ...
Sempre acreditei que a destruição do Estado, tal como o entendemos depois do 25 de Abril, era a principal preocupação deste PSD. Não sei se esta visão é partilhada pelo CDS, mas a verdade é que isso não me interessa muito. O CDS não tem rumo nem palavra, por isso vai para onde a corrente correr.
Nos últimos tempos, muita gente andava para aí confusa e com diferentes interpretações quanto à actuação da dupla Gaspar-Coelho. Uns acreditavam que eles procuravam mesmo corrigir os défices ( externo e do orçamento) ; outros preferiam a interpretação mais plausível do "ajustamento", ou seja o empobrecimento brutal e generalizado do país, por forma a tornar o nível de vida compatível com a produção de riqueza no País.
Começa agora a tornar-se claro que o objectivo é outro, mais maquiavélico e ambicioso. O que Gaspar e Coelho pretendem é "refundar" o Estado, mudar completamente o paradigma que a Constituição consagra em Portugal : saúde tendencialmente gratuita, educação para todos, gratuita até ao nível secundário, protecção social no desemprego, na doença e no fim da vida laboral, com as pensões.
O que esses senhores desejam é acabar com essas situações e inaugurar uma nova época onde a saude, a educação e a segurança social são pagas a dinheiro, por quem as quiser ou puder ter.
Já muita gente em diversas regiões do Mundo foram por esse caminho, com resultados nada brilhantes : a senhora Tatchter na Grã-Bretanha, o senhor Ronald Reagan nos EUA, para apenas mencionar dois desses capatazes das grandes empresas com investimentos nesses sectores. As coisas não correram nada bem, a não ser que considerem um êxito a criação de legiões de pobres sem direito nem à educação, nem à segurança social, nem à saúde. Triste gente essa, sem grandeza nem empatia, gente que pura e simplesmente não se importam com os outros ...
Pois bem, vê-se agora bem claro que é para onde querem ir o nosso Pedrinho e o Gasparzito, o pseudo-génio falhado. O empobrecimento generalizado não é um fim para eles, trata-se apenas de um meio, um instrumento para que os portugueses mais facilmente "engulam" a destruição do serviço nacional de saúde, a escola pública e o segurança social. Se os portugueses se cansarem com a tremenda carga de impostos, talvez comecem a querer acabar com essas coisas, essa é a esperança do duo maquiavélico ...
É por isso, porque o objectivo é esse e não outro, que o governo vomita certas medidas sem qualquer sentido económico, numa aparente desorientação quanto ao caminho a seguir. Nada de desorientações, a ideia é sempre a de conseguir que os portugueses se cansem do estado social e comecem a preferir o "cada um para si".
É também por isso que este governo se está nas tintas para lutar, na Europa, por melhores condições no pagamento da dívida. Eles, de facto, não querem que as coisas melhorem, em Portugal. Para eles, quanto pior, melhor. Eles apenas querem criar condições para o volte-face.
Se o leitor acreditar nesta interpretação - para mim é uma certeza - então todas as coisas passam a fazer sentido. O governo apenas visa o desmantelamento deste Estado social, o pouco que ainda resiste. Não sei se toda a gente neste governo - e nos partidos que o suportam - percebe qual é o objectivo de Gaspar e Coelho, mas para mim este duo não tem dúvidas e está a usar todas as artimanhas para chegarem onde querem.
Para lhes parar o golpe, basta dizermos a todos a verdade. Os portugueses não vão consentir nesta vilania, nesta traição. Os portugueses vão desmascarar o Pedrito e o Gasparzito e vão mandá-los para o Abu-Dhabi.
Comecemos hoje essa tarefa.

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domingo, outubro 21, 2012

MANUEL ANTÓNIO PINA ( 1943-2012 )

Era um homem da minha geração. Nascido no mesmo ano em que eu nasci. Nunca o conheci, nem sequer nunca o vi ao vivo, mesmo ao longe. O mesmo não digo das suas crónicas, tão largamente difundidas na rede, por vezes lidas no seu Jornal de Notícias.
Era das raras pessoas de quem eu tinha ( tenho ) inveja. Uma inveja saudável, acho eu, mas inveja ainda assim. Invejava-lhe a palavra lúcida, fácil, elegante e impiedosa para com tiranetes, mentirosos ou simplesmente corruptos. Invejava-lhe ( invejo-lhe ) a atitude desassombrada de homem do Norte, a simplicidade da sua maneira de ser, até o seu amor aos gatos. Gostava dele, eu que nunca na vida o vi. Gostava e gosto.
Este pequeno texto é a minha homenagem a este senhor da minha geração que agora nos abandonou. Ficamos mesmo mais pobres, sem ele. Há textos que não vão ser escritos. Há políticos pouco sérios que vão respirar melhor. Há uma grande lacuna sem ele.
É assim a vida, mas não devia ser. Para nosso bem. Para bem de Portugal, Manuel António Pina não devia ter-nos deixado. Vai deixar muita saúdade, descanse em paz. Gostaria de o ter conhecido e sido seu amigo.
Fica para depois de. Até lá.


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quarta-feira, outubro 17, 2012

ALGUÉM ME EXPLICA ?

Tenho a sensação, por vezes, de viver num mundo de fantasia e absurdo. Tipo Alice no País das Maravilhas, só que mais no País dos Absurdos.
O FMI já por diversas vezes, nos últimos dias, nos tem brindado com afirmações destas. Que nada desta austeridade vai resultar, que tudo isto está errado. Agora é a estimativa do governo para o crescimento em 2013, que é como sabem de -1% e que agora o FMI diz que no mínimo vai andar nos -2,8% podendo chegar aos -5 e tal %.
Por acaso tenho a mesma sensação, mas não fui eu que impus ao governo português um défice de -4,5% em 2013. Não fui eu quem obrigou ( ou induziu ) Portugal a este regime suicida.
Então ? Esta situação não foi provocada pelo FMI e pela Europa ?
Ou foi apenas o governo português que nos quis obrigar a esta miséria galopante, em nome da sua própria visão de regeneração para Portugal ?
Porque se a responsabilidade é do FMI, então que venha JÁ a Portugal para renegociar os termos do ajustamento.
Se a responsabilidade é do Governo de Portugal - como a própria Europa começou para aí a dizer - então, nós, portugueses, precisamos saber isso para "tratar" da saúde ao nosso governo e dar-lhe o enterro que merecem.
Há uns dias, levantei dúvidas sobre a lealdade de Gaspar e Coelho para com os portugueses, na óptica de que estarão a defender as teses e as experiências do FMI e da Alemanha.
Esta hipótese, porém, de ser o nosso Governo a exagerar na austeridade, em nome de objectivos ideológicos e de interesses económicos de terceiros, MUITO PARA ALÉM do que o FMI preconiza ( lembram-se do "para além da troika" ? ) DEVE SER IMEDIATAMENTE AVERIGUADA.
A Europa e o FMI devem ser imediatamente confrontados com a situação e devem confirmar quais são os seus dados e os seus limites.
PRECISAMOS DESVENDAR ESTE MISTÉRIO. JÁ !!!



terça-feira, outubro 16, 2012

A TEORIA DAS LEALDADES

Sabem, se estivéssemos no tempo da guerra fria, eu não teria dúvida nenhuma : Gaspar e Coelho seriam agentes duplos. Sob a capa de portugueses, trabalhariam para a Alemanha.
É isso mesmo que Portas parece estar a pensar, nesta foto.
O tempo da guerra fria já passou, contudo.
Não serão agentes duplos, Gaspar e Coelho, concedo. Mas o que  é indiscutível, para muita gente, é que eles não trabalham no melhor interesse de Portugal. Neles nunca se vislumbrou a mínima preocupação de enfrentar a UE com firmeza, a defender a nossa posição e a exigir outras condições que evitassem a miséria para tanta da nossa gente. Nunca se leu na cara deles a compaixão, a empatia com os portugueses, com tanta gente aflita e desesperada para pagar as suas contas e continuar a viver. Sorriem, vão ao teatro, andam em bons carros, frequentam restaurantes cujos preços dariam para duas semanas de comida a muita família ... e depois atiram-nos com toda esta carga de impostos para cima !
Isto não está certo, isto não é admíssivel.
Sabem o que é ? Esta gente, de tanto andar enrolada com a burocracia europeia e a gastar os corredores do Banco de Portugal e outros locais, onde o Portugal profundo não entra, perdeu o instinto básico de lealdade para com o seu povo. Em vez de discutir as condições com a Europa, aceita-lhes todas as directivas e que se lixem os portugueses.  E fica à espera dos seus aplausos, não dos nossos.
Não tenho qualquer dúvida que tanto Gaspar como Coelho abandonaram a  lealdade básica para com o seu povo. Não são portugueses a sério, um é estudante na Alemanha, com a srª Merkel como tutora, e o outro é um burocrata europeu que perdeu o cérebro e a alma na confusão dos modelos econométricos. Que, mesmo assim, teimam em não coincidir com a realidade.
Gente, nada há a fazer com estes dois. Percam as esperanças.
Vamos mesmo ter que lhes mostrar a saída.

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segunda-feira, outubro 15, 2012

NÃO VALE A PENA, A ÚNICA RESPOSTA É : RUA !!

Estes senhores, de facto, não valem nada. Nada.
Este homem, em particular, é apenas um burocrata europeu, medíocre, medroso, subserviente e, acima de tudo, está-se totalmente nas tintas para as pessoas.
Não mudam, estes senhores. Pautam-se apenas por dois princípios fundamentais :

a) fazem cortes ou aumentam impostos aritmeticamente, sem quaisquer considerações sobre os seus efeitos sociais. Não trabalham em economia, apenas procuram um equilíbrio aritmético.

b) evitam, cuidadosamente, todas as medidas a sério que impliquem ir ao bolso do capital. Veja-se, por exemplo, que, nesta apresentação do orçamento pelo ministro, há dois dados notáveis : o corte nas pensões dos reformados e pensionistas representa 450 milhões de euros. Isto é dinheiro tirado da algibeira dos pensionistas, pura e simplesmente. Sabem quanto é que este homenzinho diz que vai reduzir nas PPs ? 1000 ? 2000 ? 2500 milhões ? Não, a fabulosa importância de 250 milhões de euros, METADE do que irão roubar aos pensionistas...

Se isto não retrata este governo, não sei que mais seja preciso.

Ahhhhh, uma pérola final : o pequenote afirma que o Estado português gastou muito dinheiro na sua formação. Isto num tom que insinua que é, de facto, um génio muito caro e que não devemos prescindir dele.
Por mim, não tenho a mínima dúvida em o dispensar da obrigação de retribuir a formação que o Estado lhe pagou.
Pode ir, sr ministro, pode ir. Vá, por favor, aplicar a sua formação noutro lado qualquer.
Não quero ouvi-lo mais, sobretudo a afirmar que é este seu orçamento ou o plano de ajustamento português vai às urtigas. Já ouvi muitas coisas dessas, ao longo da minha vida, quase todas irremediavelmente erradas e politicamente demagógicas.





REVOLTA SÓ QUANDO NOS TOCA ?

Deixem-me ser mauzinho por uma vez.
Deixem-me ser lúcido e pedagógico.
Só reagimos, a maior parte das vezes, quando nos afecta a nós, directamente.
Antes disso, não vale a pena, não é connosco.
Hoje, toda a gente, todos os sectores bramam contra a austeridade, vão-nos esmagar, é um assalto à mão armada, é um saque.
Porém ...
Porém, ESTE ANO EM CURSO, há quem já esteja a ser vítima dessa mesma "quadrilha" sem que a sociedade se tenha incomodado a reagir.
Eram os outros, os "privilegiados", mereciam o roubo, nada havia a censurar.
A verdade é que o roubo em curso a essa gente "privilegiada" - que varia entre 17,8 % e 24,3 % do rendimento anual !!! - foi MUITO MAIOR que o roubo que se prepara para 2013 a toda a gente. E que, convêm não esquecer, ainda vai penalizar BASTANTE MAIS os mesmos, os servidores do Estado e reformados, em 2013.
Que um país inteiro tenha assistido a esta vergonha sem reagir é um sinal preocupante dos tempos. Que um governo da República tenha provocado e incentivado este egoísmo colectivo é mais do que preocupante, é uma vergonha nacional. Que este egoismo tenha tido direito a cartas pomposas escritas por Paulo Portas aos seus apaniguados, e a pressões dentro do governo, não é uma vergonha nacional ... é apenas uma vergonha para esse senhor de poucos princípios e pouca dignidade.
Dou por mim a pensar : quantos salários seriam roubados aos servidores públicos em 2013 se o Tribunal Constitucional não tivesse estragado a "festa" ao governo e ... aos outros portugueses todos ?
O que teria sido preciso para que as pessoas começassem a gritar que se lixe a troika ?
Pessoal, vejam se crescem um pouquinho mais e se começam a aprender uma coisa que se chama empatia com os outros, sim ?  Em alternativa, vejam se começam a ler Brecht, também por aí chegarão à verdade. Ou a Bíblia. Ou o Corão. Ou o meu antigo livro da 4ª classe, em plena vigência da longa noite fascista.

PS - sei que hoje estou a ser pomposo e um pouco paterrnalista - além de antipático. Porém acho que tenho razão no remoque e  que talvez isso acorde algumas consciências.

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quarta-feira, outubro 10, 2012

AS GRANDES MISTIFICAÇÕES

Vivemos uma época estuporada.
Tudo nos cai em cima, em catadupa, sem sequer nos dar tempo para pensar.
O nosso governo, honra lhe seja feita, nem sequer tenta. Quero eu dizer, nem sequer tenta pensar, equacionar os problemas e estudar soluções para os mesmos.
Isso exigiria seriedade, capacidade, inteligência, honestidade, genuinidade na defesa dos interesses dos cidadãos. Tudo coisas demasiado complexas para esta rapaziada deslumbrada com o poder e um pouco estonteados com a reacção crescente das populações.
Bom, mas nem foi nada disso que hoje me trouxe ao vosso convívio. Quero antes fazer-lhes uma pergunta e dar-lhes algumas possibilidades de resposta, tipo ponha uma cruzinha onde achar que está certo.
Valeu ? Então aí vai.

Porque motivo os juros para a "venda" da dívida soberana de alguns países da Europa começaram subitamente a "disparar", logo no seguimento da crise financeira/ bancária "made in USA" ?

1. Porque a dívida externa desses países era/é enorme.

2. Porque o défice orçamental desses países era / é crónico.


3. Porque esses países eram / são pouco competitivos em termos internacionais.

4. Porque o sistema financeiro / bancário necessita, para a sua sobrevivência, de se alimentar permanentemente, a taxas de ganho enormes e, tal como as feras, é de bom senso procurar as vítimas mais fáceis.

5. Porque convinha em simultâneo testar um ataque em grande escala ao euro.

6. Porque o sistema financeiro / bancário resolveu dar uma lição aos povos que vivem acima das suas posses, obrigando-os a expiar esse tremendo pecado.

7. Porque resolveram fazer um favor à senhora Merkel, dando-lhe o pretexto para uma cruzada estúpida na Europa onde se esmagam os povos dos países em dificuldade em vez de os ajudar.


Aí está. Divirta-se e faça a sua escolha. Aceitam-se escolhas múltiplas. Ou escolhas que nem sequer constam da minha lista.
E depois, parem para pensar e vejam lá  se percebem que raio é que a Europa tem andado a fazer nestes 2 ou 3 ultimos anos. Vejam lá se conseguem perceber, caramba.

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segunda-feira, outubro 01, 2012

PRÓXIMO DISPARATE : JUNTAR A PSP, O SEF E A PJ

Um dos erros clássicos dos aprendizes de feiticeiro é pensar que aglutinar orgãos ou instituições conduz necessariamente a um aumento de eficiência, ou seja, a uma redução de custos para o mesmo resultado final. É um conceito que fez a sua época, já há muitos anos, tendo surgido depois disso o conceito oposto, na teoria geral da gestão, o "small is beautiful".
Enfim, compreendam : estas coisas de colocar amadores, sem conhecimentos nem experiência séria em gestão, a poder mexer nas coisas do Estado tem estas desvantagens. São cometidas as maiores palermices e arbitrariedades, em nome quer da redução de custos, quer do aumento da eficiência para daí a uns anos se perceber que as coisas correram, na realidade, completamente ao contrário.
Mas que se pode fazer ? São as pessoas que temos nos partidos que temos. É uma desgraça, mas é assim mesmo.
Lembro-lhes só um ou dois casos : acabaram com a Brigada de Trânsito na GNR e com a Guarda Fiscal, de longa tradição, não foi ?
Pois tanto num caso como noutro os resultados foram péssimos, como tanta gente previu. Fala-se agora em "ressuscitar" a Brigada de Trânsito, e em autonomizar a Brigada Fiscal, porque entretanto se viu que as funções respectivas são mal executadas se diluidas por gente sem tradição nem preparação para o efeito.
Recentemente, decidiu o Ministério da Defesa aglutinar todos os hospitais dos ramos das Forças Armadas num só. Brilhante : fala-se agora em gastar milhões, para dotar esse hospital único das valências que já existiam nos outros. Custos menores ? Não sabemos quando, por enquanto só se vê confusão, quebras tremendas de eficácia e aumento de custos. Aaaaahhhhh, mas aglutinar é que é bom !
A última surgiu agora nos jornais : juntar a PSP, a PJ e a polícia de fronteiras, o SEF. Outra ideia do caraças, vão poupar dinheiro à brava, pensam esses feiticeiros de trazer por casa.
Mas que raio têm esses organismos em comum ??
Nada, a essência e a natureza das respectivas missões é totalmente diferente. A única coisa que poderia/deveria ser feita era uma mais perfeita delimitação das respectivas competências e modalidades de acção. Por exemplo, a PSP ( em meu entender ) não deveria ter a tendência de aumentar os seus orgãos de pesquisa de informações, a não ser para a pequena criminalidade, deveria recorrer à PJ para tal.
Aglutiná-las ??? Só de ... ignorantes, já que está na moda usar este termo. A matriz cultural da PJ, como organização, nada tem a ver com a cultura de uma Polícia de Segurança Pública. O SEF, por outro lado, é depositário de uma cultura e experiência ímpar, no contexto de todas as outras polícias.
Que grande poupança vai ser, juntar esta malta toda ... Meia dúzia de cargos de topo, em cada uma delas, em troca de uma degradação enorme na eficácia de cada uma destas polícias. Não tenho a menor dúvida.
Ah meus amigos ... mas quem os pára ? Quem lhes incute bom senso naquelas cabeças ? Por que triste sina teremos que aturar estes iluminados ?
Mas por que raio não ganham coragem e se atiram aos consórcios da PPPs ? Ganhavam muito mais para o País e não faziam tantos erros.
Aaahhh, sim, pois é, poderiam estar a comprometer o futuro deles ...

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domingo, setembro 30, 2012

O "GÉNIO" E OS EMPRESÁRIOS 

Referindo-se à redução da TSU paga pelas empresas à Segurança Social e à redução dos salários de quem trabalha para compensar aquele bónus às empresas, este senhor da foto afirma : “Que a medida é extremamente inteligente, acho que é. Que os empresários que se apresentaram contra a medida são completamente ignorantes, não passariam do primeiro ano do meu curso na faculdade, isso não tenham dúvidas”.
Descontemos a soberba do senhor e a sua íntima convicção de que é um iluminado. Não vale a pena discutir isso, é matéria de facto e à vista de todos. Ainda por cima é nítido, pelo seu aspecto físico, que o senhor está doente, não está bem.
Assim sendo, vamo-nos centrar em outros pontos.

Primeiro, quem assim fala desvenda a autoria da medida anunciada por Passos Coelho. Este senhor, o Economista Infalível ( como o outro, o das Finanças ) está apenas a defender-se a si próprio quando faz aquela afirmação tola.

Segundo, está igualmente a revelar a fonte da rudeza e insensibilidade extrema a que o governo nos tem habituado. A afirmação que fez é característica de alguém que se julga sobredotado e não se dá ao trabalho de pensar nas pessoas que são objecto das suas medidas. É para cortar, corte-se e acabou e as pessoas que se lixem.

Terceiro, esclarece-nos devidamente sobre as péssimas e inadequadas influências do nosso governo em matéria económica : uma fraude total, mesmo apenas do ponto de vista técnico. Este senhor demonstra, de facto, por mais aulas que dê, não sei onde, que não faz a mínima ideia que a Economia é uma ciência social, não é um jogo de conceitos e números. Lida com pessoas, não é um sistema de gestão de stocks de peças. No fundo, este senhor, como Economista, é apenas um simples pedreiro ( que estes me desculpem ).

Quarto, depois disto percebe-se bem a razão de ter sido nomeado pelo governo para gerir as privatizações. De facto, o senhor demonstra estar perfeitamente à vontade numa comissão liquidatária, não a fazer economia num país como o nosso.

Quinto : e falávamos nós, há um ano e tal, da soberba de José Sócrates ! Bolas, parceiros, mas onde é que vão desencantar estes iluminados ?

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sexta-feira, setembro 28, 2012

PASSOS COELHO AINDA NÃO ACERTOU UMA !

Falemos frontalmente e procurando a verdade : Passos Coelho não está, nunca esteve minimamente preparado para governar o país.
Ainda menos nas actuais circunstâncias.
Passos Coelho não faz a mínima ideia de como há-de distribuir pelos portugueses o esforço de contribuição para a crise. Não tem vontade ou coragem de exigir sacrifícios aos senhores do capital, bancos, empresas construtoras das PPP, bolsa.
Não tem coragem de pedir mais dinheiro aos empresários, via IRC.
Por sua vontade, nunca iria buscar dinheiro aos trabalhadores do sector privado.
Vejam como Passos Coelho afinal tem procurado distribuir o esforço :

1º - Num primeiro momento, virou-se exclusivamente para a função pública e reformados, numa atitude facilitista, injusta e ILEGAL, como um ano depois se viria a verificar.
O esforço pedido às pessoas deste sector cifrou-se numa redução de entre 2,5 a 3,2 meses de salário para o sector no activo e de 2 meses para reformados e pensionistas.
Acham que é uma medida equilibrada, sensata, equitativa ?

2º - Chamado à realidade pelo Tribunal Constitucional, o que faz o nosso inspirado e sensato político ? Sai-se com outra digna de um filme de terror : os trabalhadores do privado descontariam 7% mensais para ... os respectivos patrões.
Esta, nem sequer precisou do Tribunal Constitucional : a fúria das pessoas na rua, os pareceres do Conselho de Estado e o quase desmantelamento da coligação fizeram Passos Coelho arrepiar e voltar atrás.

Portanto, o senhor não acerta uma. Das suas duas grandes medidas uma foi um roubo descarado e impúdico, mais tarde declarado inconstitucional ( ou seja, ilegal ) e a outra foi unanime e veementemente recusada.
BRILHANTE.

... o que nos causa PROFUNDA APREENSÃO quanto às medidas que irão constar do orçamento para 2013.
Que mais nos irá apresentar Passos Coelho ?

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quarta-feira, setembro 26, 2012

CHAVE DE IMOBILIZAÇÃO

É assim que se chama, no judo, a uma técnica, aplicada por um dos lutadores ao outro, impedindo-o de se movimentar e sair daquela posição.
Diz-se que esse lutador ficou imobilizado.
Bom, a analogia é óbvia : Portugal está imobilizado pelos golpes da troika e do nosso governo. Não me interessa agora saber se os golpes foram intencionais ou não, a verdade é que estamos completamente imobilizados e, sem uma mudança radical das regras do jogo, impostas à força, ou sem a mudança da vontade do adversário, nunca mais vamos sair desta posição.
A austeridade excessiva e tonta, sem critério nem justiça, retirou-nos recursos financeiros e, sobretudo, retirou-nos força anímica, esperança.
Quanto mais austeridade, mais desanimados e tesos ficamos. Quanto mais tesos e desanimados mais deixamos de consumir produtos e de investir em novas coisas. Quanto menor o consumo, menos impostos são recebidos pelo Estado. Quanto menos impostos recebidos, mais o governo nos vai aos bolsos ...
É um círculo infernal. É a imobilização absoluta e completa.
Ah, mas não há alternativas, dizem esses aprendizes de feiticeiro.
Claro que há. É o que distingue os verdadeiros políticos dos rapazolas armados aos cucos.
O segredo está em suavizar o aperto, está em deixar aparecer a esperança.
É preciso deixar as pessoas respirar.
É preciso que as pessoas acreditem que vamos ser capazes de sair da imobilização.
Apertem-nos menos os braços e as pernas. Deixem-nos respirar. Se necessário, para isso, lutemos na Europa por uma melhor percepção do que está em jogo e por medidas mais suaves e duradouras. Lutemos por uma redução dos juros. A nível interno, não tenhamos medo e vamo-nos às parcerias e a essa gente. Sem medo, como quando em 1975 nacionalizamos a banca. Faça-se o que é preciso para que os portugueses percebam que estamos a tentar salvar o país a sério, e não apenas a tentar salvar as mordomias de uns poucos.
Não há volta a dar a isto. Têm que nos deixar respirar e ter esperança.
Sem isso, oiçam-me bem, sem isso vamos acabar todos ( aqui, em Espanha, na Grécia, na Itália, etc ) à pancada uns com os outros e todos com a Alemanha, outra vez.
Por favor, oiçam o que vos digo, estamos cada vez mais perto disso.
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terça-feira, setembro 25, 2012


A MENTIRA DA CRISE QUE VIVEMOS

Há uns anos atrás, poucos seriam capazes de prever o verdadeiro cataclismo que o poder financeiro viria provocar na Europa. Tudo parecia inofensivo, simpático. Os bancos viviam no paraíso, ganhando fortunas colossais com políticas agressivas de empréstimos para tudo e para todos. Casa, carro, estudos dos filhos, férias em locais exóticos, electrodomésticos, tudo o que desse dinheiro. Na bolsa, vendia-se tudo, tudo se comprava, sem qualquer relação com a solidez das empresas, apenas pelo jogo do compra a um, vende a dois. Conheci gente que não fazia mais nada que comprar e vender na bolsa, com grandes lucros, sem nada criar. Chegou-se ao ponto de vender hipóteses, na bolsa, nada real, apenas apostas quanto ao valor futuro de uma determinada coisa.
Coisas essenciais à vida de milhões de seres humanos, como os cereais ou o petróleo, são transaccionadas em bolsa todos os dias, por gente a quem essas mercadorias nada interessam, só pelas mais valias que delas podem retirar, depois de algumas manipulações dos mercados.
Este poder tremendo não cessa de crescer, apesar de alguns sobressaltos. Como um bulldozer, leva tudo atrás, política, partidos, democracia. Tudo é comprado, tudo é manipulado. Mesmo as próprias organizações "fechadas" como a Maçonaria foram invadidas, conquistadas, submetidas.
Que é que tudo isto tem a ver com a "nossa" crise ?
Bom, a verdade é que todo este esquema financeiro é insustentável, a prazo. Tudo isto exige compradores em número crescente, sem parar. Uma espécie de Dona Branca à escala planetária. Por isso, de vez em quando, é inevitável, ouve-se um grande estoiro : os bancos são apanhados com activos sem qualquer valor real, o cidadão comum verifica que tem dívidas enormes que não pode pagar, os Estados excedem os seus orçamentos de forma consistente, viciados na facilidade com que obtêm empréstimos internacionais com juros baixos.
O mundo financeiro, atento às oportunidades, atira-se aos empréstimos aos países mais fracos, exigindo juros loucos com que espera compensar as quebras recentes.
Tudo começa a desmoronar-se : na Europa, para fazer face a esta situação aflitiva, resolve-se fazer os povos pagar todos estes desacatos de bancos e governos. Quando deviam ser os agentes financeiros a ser punidos, obrigam os povos a tirar do seu bolso para dar a bancos e afins. Quando os governos deviam ser castigados ( só na Islândia tal sucedeu ! ) , são esses mesmos governos a ir tirar ao mesmo povo o que resta nos seus bolsos para alimentar os imparáveis défices orçamentais.
É a inversão cínica e hipócrita de toda a crise : castiga-se o povo por crimes que todo o sistema financeiro cometeu. Com a conivência dos governos. De direita e de pseudo-esquerda.
E é assim que se chega a esta virtude parva : a austeridade. Não para bancos, não para governos. Para o povo.
Há que cortar salários, benefícios sociais, reformas. Há que sacar dinheiro aos desgraçados para oferecer à Banca. Quando o povo, por pura exaustão financeira, deixa de comprar e, consequentemente, de pagar os impostos do consumo, os governos respondem ... com mais um saque aos bolsos dos contribuintes !
A Europa, neste desvario governativo e político, perdeu a noção das realidades, fala em austeridade quando o que se trata é de esbulho e roubo. Ainda por cima, roubo desculpado com falsas noções religiosas de culpa dos povos do sul, esses mandriões que só gastam e nada produzem.
É pois uma crise mentirosa : por norma, quem está a pagar a crise não tem a mínima responsabilidade nessa crise.
E é esta simples realidade que começa a chegar às ruas, num número crescente de pessoas. Milhares hoje, centenas de milhar, milhões amanhã, se os governos continuarem a "confundir" os responsáveis pela crise.
Estas coisas não costumam acabar bem, sabem ?

domingo, setembro 23, 2012

CIGARRAS E FORMIGAS

Exactamente.
Concordo.
Com uma diferença, apenas : pessoalmente, considero que este senhor ministro, bem como os seus colegas de governo e muitos do seu partido são exemplares preciosos do grupo das cigarras.
Não muito afinadas, ainda por cima. Há cigarras a cantar mais alto do que outras e a causar grande confusão. Ainda pior : hoje cantam uma cantiga e amanhã cantam outra diferente.
Estes senhores ministros deste governo dizem cada coisa mais tonta ...

Pois. Acredito.

Eu não. Eu defendo o que for preciso para criar mais umas oportunidades de negócio para amigos e conhecidos, com o ensino privado.

Enquanto isso, mando mais uns quantos milhares de profs para o desemprego, lixo o juízo aos outros todos e invento uma redução de 200.000 alunos. 

É obra, hem ?




PS - NEM APETECE FALAR DO RESTO ... É TUDO GENTE COMPETENTE, SÉRIA, QUE RESPEITA A PALAVRA DADA, COM GRANDE EMPATIA PELOS PORTUGUESES E QUE ESTUDA PROFUNDAMENTE AS MEDIDAS A APLICAR. OS PORTUGUESES VÃO-LHES FICAR A DEVER ETERNO RECONHECIMENTO. OU ISSO OU UM PONTAPÉ NO TRASEIRO.

 

 



terça-feira, setembro 18, 2012

APELO

Usemos palavras simples e claras : nem Passos Coelho, nem Vítor Gaspar, e ainda menos Relvas, nenhum destes senhores tem capacidade e experiência para enfrentar os desafios políticos e económicos que existiam à data da sua tomada de posse e que entretanto se agravaram.
Não pretendo entrar num processo de avaliação das capacidades cognitivas, actuais ou potenciais, destes senhores. Apenas sustento o que é óbvio, através do resultado das suas acções : estes senhores não servem para guiar Portugal nesta fase complicada. É areia demais para eles.
Como se vê.
Falta-lhes experiência política, capacidade de gerar consensos, empatia para com o povo e as suas dificuldades, imaginação, audácia e, sobretudo, inteligência.
Sim, os senhores que me desculpem : numa altura onde se exige gente muito inteligente e sensível, os senhores são apenas gente mediana.
Não chega, é manifestamente curto.
Ainda por cima, vão ver, confundem teimosia com inteligência.
Não, não servem para Portugal 2012.
O melhor que fariam a Portugal, se fossem mesmo patriotas, seria irem-se embora, dando o lugar a outros que pudessem fazer melhor. No mesmo partido ou noutro. Ou fora dos partidos.
Antes que causem ainda mais danos a este país.
Sinceramente.
Honestamente.
Sem partidites agudas, sem sequer qualquer animosidade contra estes senhores.
Ponham a mão na consciência e declarem-se incapazes.
Por favor.
Por Portugal.
Pelos portugueses.

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segunda-feira, setembro 17, 2012

INOVAÇÃO NA ROTUNDOMANIA

Que todo o presidente de câmara que se preza mandava fazer sempre duas ou três rotundas, já se sabia.
São muito jeitosas as rotundas : põe-se uma relva e uns pedregulhos à volta, e, no meio, um mamarracho qualquer e já está dado o ar de cidade evoluida.
Vimos agora, em Lisboa, uma "nuance" dessa rotundomania : aproveitar uma rotunda grande ... e fazer duas !!
Brilhante : se a moda pega, já viram o potencial por explorar no país inteiro ?
Enfim, não sejamos mauzinhos : a ideia em Lisboa foi forçada pela horrorosa poluição do ar, ao que parece. Só que ainda não percebi como é que estas novas duas rotundas vão melhorar a qualidade do ar. No primeiro dia, pelo menos, acho que a qualidade do ar piorou a olhos vistos, com a tremenda acumulação de carros dentro da rotunda exterior. Bem, para ser verdadeiro, acho que enquanto do anterior passavam na rotunda uns largos milhares de carros por dia, com a consequente poluição, agora passaram muito menos, sim. Passaram menos mas permaneceram dentro da rotunda pelo triplo do tempo !! Contas feitas, não sei o que seja melhor. Dentro da rotunda interior, pelo contrário, apenas meia dúzia de carros ... Não admira, aquela rotunda interior é uma ratoeira, não dá para ir para lado nenhum ...
No fundo, a arma secreta de António Costa, presidente da Câmara de Lisboa, deve ser essa : fazer uma coisa tão abstruza, tão complicada, que as pessoas evitem lá passar com medo de se perder e passar o resto das suas vidas a olhar para o Marquês !
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sexta-feira, setembro 14, 2012

VOU VER O PAULO DE CARVALHO, MAS ANTES DISSO TOMEM LÁ MAIS ESTES CORTEZITOS ...

Dei comigo a pensar, nestes dias, o que terá motivado uma reacção tão pronta e de tão grande dimensão às novas medidas de saque anunciadas pelo governo. Há muito que esperava uma reacção, mas confesso que a dimensão da mesma me espantou.
Vou alinhar algumas ideias :

-> Pela primeira vez, a austeridade não é só para funcionários públicos e reformados. Agora é para todos.

-> O governo tinha induzido a expectativa de que 2013 seria o ano do início da recuperação. A própria troika parecia disposta a flexibizar as metas, como veio a suceder. Passamos de 3% em 2013 para um défice máximo permitido de 4,5%. No meio deste "abrandamento" da miséria, CATRAPUM, cai um anúncio de medidas de austeridade ESMAGADORA. Ainda por cima, aparentemente, os recursos financeiros sacados aos portugueses são MUITO MAIS que o necessário ...

-> Depois do acordão do Tribunal Constitucional, muita gente tinha começado a pensar que as brutais medidas em vigor neste ano de 2012 iriam ser suavizadas, uma vez que iriam ser distribuidas equitativamente por todos, funcionários públicos e privados, trabalho e capital. CATRAPUMBA outra vez : as medidas são AINDA mais brutais que as anteriores.

-> A forma "brilhante" encontrada pelo governo para compensar a quebra na TSU para a segurança social, com o corte na contribuição das empresas, foi ... retirar esse dinheiro directamente do bolso de quem trabalha. Caraças, não só nos roubam 7% como ainda por cima os vão dar aos patrões ?? Seria preciso ser santo para não espumar de raiva com esta medida.

-> A forma "ligeira" e quase robótica como as medidas foram comunicadas aos portugueses escandalizou muita gente. Nas caras do Primeiro Ministro e do Ministro das Finanças não se via qualquer expressão de empatia. Foi como se se estivessem a dirigir aos pinguins da Antártida. Podem ter querido parecer "profissionais" mas aquilo que se leu foi indiferença, ou até mesmo crueldade.

-> A coincidência no tempo do agravar de vários impostos e cortes foi BRUTAL : já havia o IVA, agora os cortes, depois o IMI e, de repente, como que por magia, o IRS !!!!

-> As consequências marginais de algumas das medidas ( reduzir o salário mínimo nacional, por exemplo, já de si muito alto ! ) mostraram que elas tinham sido preparadas por alto, sem muito estudo sobre os seus impactos e consequências, como se se tratasse de aumentar a bica em 5 cêntimos. Aí, ficámos todos a saber que aqueles senhores do governo ou são incompetentes ... ou se estão nas tintas para nós.

Leitor, alinhavei estas considerações ao acaso. Se calhar, ainda assim, com mais cuidado do que o governo dedicou a esta "remessa" de austeridade.
Ao reler estas linhas volto a sentir a raiva surda, a estupefacção, a oposição declarada a este governo que assim trata as pessoas, com uma leviandade assustadora e uma incompetência de estarrecer.
Creio perceber, então, a reacção dos portugueses, portanto.
Que acha o leitor ?
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quarta-feira, setembro 12, 2012

A extensão do ataque de Passos Coelho e Vítor Gaspar - a raiva contra os que são pagos por verbas do Estado


terça-feira, setembro 11, 2012

CONFIRMA-SE : O GOVERNO BAIXA A TSU E A TROIKA DEIXA AUMENTAR O DÉFICE !!


Em post recente, a 9 deste mês, dizia eu ( desculpem-me a auto-citação ) :

"A terceira e ENORME mistificação é a de que estes cortes são determinados pela situação das finanças públicas e sobretudo pelo défice orçamental. Absurdo, falso, totalmente mentira. Já notaram que, em termos orçamentais, esta medida apenas "rende" ao Estado, em termos líquidos, um subsídio dos funcionários públicos e dois aos pensionistas e reformados ?? Em vez dos quase 2 mil milhões de euros de 2012, passa-se para apenas mil e pouco milhões de euros ?? O resto vai para as empresas e um pouco para segurança social. Então já não precisam do dinheiro para chegar aos 3% de défice em 2013 ?
Isto apenas quer dizer uma coisa : a troika já consentiu em "adiar" os 3% de 2013 para 2014 ou 2015 e a folga daí resultante foi directa ... para as empresas, diminuindo de caminho o nível geral de salários !!!"


Aí está a confirmação de que a história do corte na Taxa Social Única nas empresas foi uma IMPOSIÇÃO da troika para consentir no aumento do défice para 2012 e 2013.
Aí está como estas coisas se passam hoje : somos obrigados a fazer coisas parvas porque esses estupores da Europa e do FMI andam com experiências e querem testá-las em Portugal.
E porque Passos Coelho não foi capaz ou não quis opor-se a esta vigarice.
E não se importou de concordar hoje com aquilo de que discordava ontem.
O mesmo para Vitor Gaspar que hoje se viu da cor dos gatos para justificar a mudança de atitude ...

Hoje, Vitor Gaspar foi um pouco mais aberto e até parecia o "mau da fita" a anunciar o aumento de taxas e impostos para a malta com muito dinheiro.
Por exemplo, os bens imobiliários acima de 1 milhão de euros.
Vão ser taxados ... em sede do imposto de selo ! 
... o que apenas acontece quando há transacções desses imóveis. O que significa que todos os que possuem casas dessas estão a salvo, não pagam mais um tostão.
Mas até parece que sim, não é verdade ???
Meu Deus, esta forma de fazer política é repugnante.

Pelo meio, para mim, pessoalmente, mais uma machadada na pensão de reforma do rapaz. Para além dos dois subsídios roubados, agora vou pagar mais uns quantos por cento todos os meses, como o pessoal do activo. É assim, é isto que é a justiça e a equidade, versão Passos Coelho e os seus muchachos.

 
AS FALSIDADES CONTINUAM ...
 
Tenho lido e ouvido, por parte de ministros do actual governo e deputados do PSD e CDS, os seguintes argumentos:

-> Afinal, toda a culpa desta situação é do PS e ainda não ouviram o PS pedir desculpa aos portugueses ;
-> As medidas do governo são boas e necessárias, mas têm sido mal comunicadas e explicadas ;
-> Não há alternativas para esta política, portanto ...

Perante afirmações destas dá vontade de chamar nomes feios a estas pessoas e desatar à bofetada, tal é a falta de verdade e o cinismo que as rodeia.

É verdade que Sócrates cavou a cova para o caixão, sim. Mas já a andava a cavar ao tempo em que o PSD ia deixando passar os PEC I, II e III, ou isto é mentira ? Depois, já lá vai mais de um ano e um orçamento desastroso e feito com muita inconsciência, sem acreditarem naquilo que muita gente lhes dizia : se carregassem demais nos impostos e na austeridade em geral acabariam por recolher menos dinheiro nos impostos. Não, os senhores sabiam tudo, insistiram por exemplo em erros crassos como o IVA a 23% para a restauração e agora vê-se ...
O PS devia tanto pedir desculpa pelos erros de Sócrates como Passos Coelho devia pedir desculpa por estes erros tremendos.

Em segundo lugar, as medidas desastrosas do governo não têm nada sido mal comunicadas ... Trata-se é de medidas incomunicáveis ! Ninguém seria capaz de explicar bem aos portugueses medidas tão mal cozinhadas como estas !!!
Desenganem-se, senhores do governo : os portugueses não são estúpidos e percebem à primeira coisas como tirarem-lhes dinheiro para dar aos patrões, quando estes nem sequer o tinham pedido ! Então isto é defeito de comunicação ???
Também percebem que, instados pelo Tribunal Constitucional a serem equitativos nas medidas de austeridade continuam a mostrar um ódio inusitado aos funcionários públicos e reformados, mantendo uma discriminação a todos os títulos injustificada e mesmo soez. Revelando um fundo ideológico de ódio á coisa pública, com a capa de uma pretensa desigualdade entre sector público e privado. Mas que raio, ninguém consegue explicar a esta gente que, qualquer diferença que exista, para um lado ou outro, nada tem a ver com os sacrifícios a pedir que deverão apenas ter em conta as possibilidades económicas de cada um ??
Querem ver que, qualquer dia, por causa dessas tais diferenças, as taxas do IRS ainda vão ser mais gravosas para os funcionários públicos ??
E que me dizem ao facto de nem sequer terem percebido que existiam efeitos laterais perversos quanto à aplicação de uma tão elevada taxa para a Segurança Social ? Como, por exemplo, descontos a mais nos salários líquidos ? Como por exemplo poder vir a afectar a receita para o Estado do IRS, pelo desconto à matéria colectável de uma tão grande fatia para a SS ?
Que ideia transmitem estes senhores ? Que as medidas são ponderadas, analisadas em todas as suas implicações, ou que, pelo contrário, tudo isto é tratado à pressa, numa folhita de cálculo mal dominada e pouca clarividência ??
Nãooooooooooooo ... é falta de comunicação ! É, é ... o que é, é falta de consideração, fiquem a saber.

Por último : não há alternativas. Nãooooooooooo ? Oh meu Deus, o que mais falta são alternativas. Vejamos :

-> Taxar mais as mais valias da bolsa ;
-> Taxar mais as grandes fortunas ;
-> Taxar mais as empresas com lucros altos ;
-> Reduzir, DE FACTO, as rendas das PPP e da energia e não andar SÓ a FINGIR que reduzem. As reduções que eu tenho visto foram apenas por fechar obras em curso e passar para o Estado a responsabilidade pela manutenção de certos troços. Mais nada.
-> Fechar, de facto, institutos e empresas autárquicas. Só tenho visto anúncios, nada mais.
-> Reduzir os efectivos na função pública, com cuidado, com um plano de reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo, utilizando dinheiros da Europa ou parte do empréstimo da troika ;
-> Exigir à Europa juros mais baixos, baixando a parte do orçamento para pagamento desses mesmos juros ;
-> Renegociar com o BCE futuras compras de dívida pública, embaratecendo os mesmos juros ;
-> Se possível, vir a negociar com os nossos credores um abaixamento dos juros que estamos a pagar.

Porra ( desculpem ), não há alternativas ???
Este governo é que só vê sempre a mesma solução : retirar dinheiro a quem trabalha. De preferência, apenas aos funcionários públicos, esses malandros.

Em jeito de síntese : se os portugueses vissem o governo empenhado em medidas tais como enunciei acima, podem ter a certeza que aceitaríamos todos muito melhor os sacríficios a fazer. Portanto, a palavra chave continua a ser TEMOS QUE SER TODOS A PAGAR A CRISE, NÃO APENAS SEMPRE OS MESMOS.

Ou Passos Coelho percebe isso ou vamos ver, a breve prazo, que os portugueses não são assim tão cordatos e caladinhos como alguns pensam ...
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domingo, setembro 09, 2012

RAIVAS E TEIMOSIAS 

Os argumentos usados pelo governo para justificar a suspensão dos subsídios de férias e natal dos funcionários públicos foram estes, constantes do Relatório do Orçamento de Estado para 2012 e que eu respiguei do Acordão nº 353/2012 do Tribunal Constitucional :

O Relatório do Orçamento de Estado para 2012 acrescenta ainda que "não é […] igual a situação de quem tem uma relação de emprego público e os outros trabalha­do­res" e invoca essencialmente duas razões: os trabalhadores do Estado e outras entida­des públicas beneficiam em média de retribuições superiores às do setor privado e têm uma maior garantia de subsistência do vínculo laboral. 

O Tribunal Constitucional, no referido Acordão, discute e rebate essas afirmações, da forma que segue quanto às diferenças salariais existentes :

Deve, no entanto, afirmar-se que a diferença de níveis de remuneração não pode ser avaliada apenas em termos médios, pois os tipos de trabalho e de funções que são exercidos no setor público não são de modo nenhum necessariamente iguais aos do setor privado. Assim, essa diferença de remunerações médias teria de se demonstrar em face de cada tipo de atividade comparável, sendo certo que há funções muito especí­ficas, incluindo funções de soberania, que só ao Estado e demais entidades públicas competem. Além disso, uma comparação tendo como critério a simples média do valor dos rendi­mentos auferidos nos dois setores, seria sempre insuficiente para justificar uma discrimi­nação nos cortes dos rendimentos concretamente auferidos por cada um dos afetados.

Quanto à alegada maior segurança no emprego dos funcionários públicos, eis o que escreveu o Tribunal Constitucional :

No que respeita à alegação da maior garantia de subsistência do vínculo laboral, apesar de ainda ser possível dizer-se que, na generalidade, se verifica uma maior segurança no emprego público, esse dado não é idóneo para justificar qualquer diferen­ciação na participação dos cidadãos, através de uma ablação de parte dos seus rendi­men­tos, nos encargos com a diminuição do défice público, como meio de garantir a sustenta­bilidade financeira do Estado, num período de emergência. Essa participação é exigível apenas àqueles que atualmente auferem rendimentos capazes de suportar tal contri­buto, sendo irrelevante para a medida dessa capacidade um valor como o da segurança no emprego.

Em síntese, quanto a esta questão, o entendimento do Tribunal Constitucional foi este :
 
Em qualquer destes planos, o que releva considerar é que a suspensão dos subsídios de férias e de Natal afecta individualmente os trabalhadores do sector público em função do respectivo nível remuneratório, sendo indiferente, do ponto de vista da onerosidade da medida, que as remunerações globalmente consideradas na Administração Pública sejam superiores às que são auferidas pelos trabalhadores do sector privado ou que estes se encontrem em situação mais desfavorável no que se refere à garantia de empregabilidade. 

 Deixem-se portanto de considerações espúrias, todos os falsos arautos de uma pretensa justificação para tratar os funcionários públicos de forma diversa ( e mais gravosa ) que os trabalhadores do privado. A sua raivazinha e sanha destruidora de tudo quanto é público irá, mais uma vez, obrigar o Tribunal Constitucional a uma "nega".
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